DISCOS: SCALENE (Real/Surreal)
9.0
Real/Surreal é corajoso, conceitual, e irrestrito a rótulos.
A canção “Danse Macabre” - escolhida como música de trabalho, inclusive com vÃdeo clipe lançado previamente - dá a pista exata da proposta ampliada do grupo brasiliense, Scalene. Embora o álbum seja bem mais soturno do que o “single” possa sugerir, Real/Surreal conta com uma cartilha heterogênea de influências variadas, que vão desde o hardcore melódico - batido e descartável – ao stoner rock, pós-punk e post-rock europeu. O interessante, é que essa abrangência de estilos, que acabou se tornando uma faca-de-dois-gumes para os novos artistas, desce redonda e soa genuÃna, em Real/Surreal.
Como o tÃtulo sugere, o trabalho é dividido em dois discos. O lado A (ou disco um), Real, traz uma cartilha mais dinâmica, com letras que abordam o cotidiano. Um dos destaques do disco, a canção “Nós Maior que Eles”, remete à s guitarradas de Josh Home – fase QOTSA Rated R. Já “Marco Zero”, seria o caminho tomado pelo nu-metal no inÃcio dos anos 2000 - com acordes de guitarra em afinação reduzida e cheia de reverb. Diante de tanta disparidade sonora, as letras - embora pretensiosas – se tornam um mero detalhe. Há uma notável escassez de refrãos engajados, mas sobram melodias bem feitas – tornando a voz de Gustavo Bertoni um instrumento em potencial.
Como o tÃtulo sugere, o trabalho é dividido em dois discos. O lado A (ou disco um), Real, traz uma cartilha mais dinâmica, com letras que abordam o cotidiano. Um dos destaques do disco, a canção “Nós Maior que Eles”, remete à s guitarradas de Josh Home – fase QOTSA Rated R. Já “Marco Zero”, seria o caminho tomado pelo nu-metal no inÃcio dos anos 2000 - com acordes de guitarra em afinação reduzida e cheia de reverb. Diante de tanta disparidade sonora, as letras - embora pretensiosas – se tornam um mero detalhe. Há uma notável escassez de refrãos engajados, mas sobram melodias bem feitas – tornando a voz de Gustavo Bertoni um instrumento em potencial.
O segundo disco, Surreal, reserva a parte mais interessante do repertório. Recheado de canções densas e melodias introspectivas, o CD contém uma sonoridade turva e instigante. Ouvindo canções como “Milhares Como Eu”, é de se questionar a funcionalidade do repertório em grandes arenas – particularmente, acredito que seja um trabalho para teatros e locais intimistas. “Branco” e “A luz e a Sombra” (que conta com a participação de Lucas Lima), seguem pelo mesmo caminho de incubação rÃtmica, que desponta no ritmo oscilante de “O Alvo”. A realidade cotidiana do primeiro CD dá vaga ao lado abstrato da vida, onde, musicalmente falando, as coisas parecem fazer mais sentido para o grupo brasiliense. De qualquer forma, em cenário alternativo tão carente, o Scalene parece brotar como uma flor rara num solo estéril – se isso é real ou surreal, só o tempo dirá.
Ouça: Danse Macabre
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