DISCOS: BUSH (MAN ON THE RUN)
Foi só em 1994 que a terra da rainha viu surgir a banda Bush, o grunge inglês, com o disco Sixteen Stone. Tiveram sucesso comercial naquela década - mais nos EUA do que no Reino Unido - vendendo 10 milhões de discos. A banda encerrou as atividades em 2002 e só retornou em 2011, com o disco The Sea of Memories. Finalmente o grupo lança um novo disco, Man On The Run, que é bom, mas causa um misto de sentimentos em seus ouvintes.
A princÃpio, é como se Man On The Run fosse um disco dos anos 90 que você está ouvindo com 20 anos de atraso. Por outro lado, é difÃcil saber até onde você gostaria que a banda atualizasse ou mudasse seu som para se adequar melhor a esta era em que tudo é válido; tudo encontra seu público; toda experiência pode dar em algo positivo; e resgatar raÃzes não é dar um passo atrás. Como mostra o U2 com Songs of Innocence, resgatar essas raÃzes pode ser a melhor forma de revigorar uma banda que já perambulou por diversas esferas estéticas.
Porém, o Bush não é o U2 e não tem muita diferenciação estilÃstica no currÃculo para mostrar. O que eles fazem é manter viva a chama do grunge acesa ao longo das 14 faixas de Man On the Run.
É um disco de rock com distorções bem sujas, mas nunca pesado demais. As músicas, sem exceções, são feitas para funcionar e seguem uma estrutura padrão de composição que não vai causar nenhum estranhamento. No geral, o disco possui um clima animado - longe da deprê que caracterizou a cena em 1994, em álbuns como Superunknown (Soundgarden) e Vitalogy (Pearl Jam); ou mesmo atualmente, no arrastado e ótimo The God Put Dinosaurs in Here (2013) do Alice In Chains.
Há muita melodia em músicas como “The House is On Fire”, “The Only Way Out” e nas baladas arrastadas, “Surrender” e “Eye Of The Storm” - o que facilita a digestão do disco. O álbum traz alguns elementos eletrônicos, mas nada que seja suficiente para descaracterizar o som do grupo ou tirar o foco das guitarras, do baixo e da bateria. Man On The Run bebe na fonte do grunge de Seattle em “Loneliness Is a Killer” - com bons riffs, e linha de baixo que carrega a música.
Sobre o tÃtulo do trabalho, Man On The Run (homem em fuga), Rossdale diz que é o nome mais universal que um disco de sua banda já recebeu. Para ele, todo mundo está “em fuga”, pois com a idade o mundo não é mais cheio de possibilidades infinitas e você começa a trilhar um caminho mais estreito. Então, para ele, é como se todo mundo estivesse em fuga, tentando encontrar seu caminho.
Vale ressaltar que a volta do Bush se resume ao vocalista e guitarrista Gavin Rossdale e ao baterista Robin Goodridge da formação original. Em Man On The Run a segunda guitarra ficou a cargo de Crhis Taynor e o baixo por conta de Corey Britz, ambos já trabalharam no disco solo de Rossdale.
Man On The Run é uma recuperação da sonoridade grunge que deverá encontrar seu público, mas é sobretudo um bom disco de rock, um registro animado e que mantém a roda do estilo girando e abastecida com bons refrões. Não é um disco que vai se tornar clássico ou que vai virar referência para o estilo, mas é um grunge que soa honesto. Mesmo no século 21, algumas coisas podem soar cafonas e datadas (está aà o novo disco do Judas Priest para comprovar). Só que felizmente, esse não é o caso do Bush em Man On The Run.
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