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DISCOS: NOEL GALLAGHER'S HIGH FLYING BIRDS (CHASING YESTERDAYS)

NOEL GALLAGHER'S HIGH FLYING BIRDS

Chasing Yesterday

Warner; 2015

Por Lucas Scaliza


O britpop, estilo musical em que o Oasis se apoiou com bastante sucesso nos anos 90, sempre apresentou uma ambição moderada. A intenção nunca foi romper com todas as barreiras mais do que fazer rock’n’roll melodioso e colorido que percorria uma tradição datada do rock/pop inglês dos anos 60 e 70. Noel Gallagher, o ex-guitarrista, ex-compositor e ex-segunda voz do Oasis, nunca foi do tipo notoriamente ambicioso, mas sempre prezou por fazer boas músicas.

Após o fim da banda que mantinha com o irmão Liam, Noel surpreendeu com seu primeiro disco solo, Noel Gallagher’s High Flying Birds em 2011, mostrando uma coleção de canções com qualidade e capacidade de grudar no ouvinte - coisa que o Oasis já não apresentava havia quase uma década já. Chasing Yesterday, seu novo disco solo, mostra maior ambição e supera deliciosamente o debut.


Se no primeiro disco Noel apostou em ritmos bastante diretos, melodias que grudariam na cabeça e algumas orquestrações para ajudar a enriquecer as harmonias (e foi muito bem sucedido nisso), dessa vez ele mantém o foco em canções diretas, mas trabalha melhor os arranjos de todos os instrumentos. Saem as orquestrações e abre-se espaço para um teclado mais criativo e viajante, capaz de criar atmosferas, como em “The Dying of The Light” e na nostálgica “While The Songs Remains The Same”. Aliás, esta música é sobre o que Noel viu em sua Manchester natal depois de passar por ela recentemente, 25 anos após ter se mudado, para ver um jogo do seu time do coração: o Manchester City.


The Right Stuff”, uma das melhores faixas do álbum, é também uma das que melhor apontam para o amadurecimento de Noel como compositor e artista solo. Algo entre o jazz, o rock e uma leve psicodelia, cheio de camadas melódicas de sopros, guitarra e baixo e uma linha de bateria muito interessante. 'Chasing Yesterday' tem também ótimos solos de guitarra a todo momento. A guitarreira “Lock All The Doors”, a pop “You Know We Can’t Go Back”, e “In The Heat of The Moment”, com batidas mais eletrônicas, são as mais diretas do álbum e que menos se arriscam na forma musical - mas não é por isso que não são boas, veja bem. Já “The Ballad Of The Mighty I”, que encerra o disco e já tinha sido divulgada anteriormente, também coloca uma pegada mais disco music no álbum, sem falar na participação especial de luxo do guitarrista Johnny Marr, ex-The Smiths. “The Girl With X-ray Eyes” é uma típica balada que reforça a habilidade de Noel em fazer lindas canções; e “The Mexican” tem os riffs mais stoner rock que já o vimos compor um dia - fruto de uma parceria (que foi descontinuada pelo músico) com a dupla de produtores Amorphous Androgynous.


Levou quatro anos para que Noel lançasse um novo trabalho solo. Valeu a pena. Chasing Yesterday não é uma ruptura de estilo - é uma continuação, mas ciente de que mudanças podem ser bem-vindas. O álbum simplesmente não tem canções ruins – assim como os dois primeiros grandes álbuns do Oasis, Definitely Maybe (1994) e (What’s The Story) Morning Glory (1995) – e ainda nos apresenta um compositor que parece bastante a vontade com sua banda e com sua musicalidade. Não deixa de ser interessante também observar que Noel produziu o disco sozinho (o anterior tinha a mão de Dave Sardy, que já produziu desde Oasis e Marilyn Manson como Band of Horses, Ok Go e The Ting Tings). Noel tinha apenas o engenheiro de som Paul Stacey para ajudá-lo, então Stacey acabou tocando guitarras e baixos no estúdio. O irmão dele, Jeremy Stacey, ficou com a bateria. Experiente como músico e compositor mas não como um “organizador” de sessões de gravação, Noel deixou as coisas seguirem naturalmente, lidando com os problemas conforme eles surgiam.


Bem, o resultado desse processo é o ótimo Chasing Yesterday, que supera seu disco anterior e mostra Noel Gallagher com alguma ambição novamente. Estávamos esperando por isso.

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