Header Ads

DISCOS: ELDER (LORE)

ELDER

Lore

Armageddon Label; 2015

Por Lucas Scaliza



É algo que sempre acontece. De tempos em tempos você se depara com uma pedrada tão boa de ouvir que sua vontade é sair batendo cabeça. Em 2014 isso aconteceu com o ótimo Once More ‘Round The Sun, uma tijolada do Mastodon que não tinha pausas para baladas e, além do heavy metal progressivo, apresentava uma pegada sinistra em várias faixas [leia a resenha do disco AQUI]. Este ano, o posto fica com Lore, do trio barra pesada Elder, de Boston.

Lore é um encontro nada incomum de Black Sabbath com o já citado Mastodon. Do primeiro, o Elder herda os riffs de stoner rock e o estilo vocal; do segundo empresta o timbre grave de todos os instrumentos, as mudanças rítmicas e o vigor imposto pela dinâmica de baixo e bateria, colocando um pé no heavy metal para dar uma leve acelerada. Mas de leve, porque a intenção do Elder é fazer a música ter gravidade, não confundir peso com a velocidade de uma ejaculação precoce, como fazem algumas bandas por aí.


Não há intenção de ser comercial. Tirando alguns poucos momentos mais delicados e com ótimos dedilhados, o disco não tem baladas e é muito intenso. A faixa título, por exemplo, tem 15 minutos de duração e sua letra acaba antes que a faixa chega à metade. A longa seção instrumental que se segue é de arrasar e de tirar qualquer um do lugar.


O disco tem apenas cinco músicas e quase uma hora de som. Ou seja, as faixas são enormes. A menor delas, “Deadweight”, chega aos 9 minutos e meio. Ou seja, exige que o ouvinte esteja disposto a aguentar grandes doses de rock’n’roll valvulado. O som é tão orgânico e com produção tão crua que a bateria acaba até soando um pouco abafada, a distorção das guitarras é ruidosa (mas com um ótimo timbre grave) e o baixo está presente a todo momento. Mesmo que a produção não tenham priorizado a clareza dos instrumentos, o resultado da mixagem não chega a ficar ruim, dando até um ar mais rústico a Lore.


A banda da costa leste americana é formada por Nick DiSalvo (guitarra, voz e teclado), Jack Donovan (baixo) e Matt Couto (bateria). Com muito espaço para sessões instrumentais, o trio sabe fazer sua música se manter interessante sem precisar apelar a todo momento para solos. Eles confiam muito em trocas de ritmo, riffs, dedilhados e alternância de dinâmica. Os solos estão lá também, é claro, e vão desde os mais tradicionais do heavy metal até momentos mais noisers que lembram o Queens Of The Stone Age.


A ótima “Compendium” muda de ritmo três vezes antes de completar dois minutos. Nesse trecho, a banda inclusive cria uma passagem que lembra muito “The Immigrant Song” do Led Zeppelin. E por mais agressivos que os vocais de DiSalvo tendam a ficar, nunca chega a uma voz gutural. “Spirit at Aphelion” tem uma linda abertura que lembra músicas de rock progressivo com influências folclóricas. Mas como eu disse, não há espaço para baladas em Lore, e a faixa logo mostra seu lado mais nervoso.


Ao mesmo tempo que recupera um stoner rock setentista, o Elder não deixa de soar cruamente moderno. Quem gosta de uma versão mais alternativa de heavy metal e discos que são pura testosterona vão encontrar em Lore um bom companheiro de estrada, de trabalho, de academia e de diversão também. Um forte candidato a fica entre os melhores do ano de rock pesado.

Nenhum comentário: