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DISCOS: NIGHTWISH (ENDLESS FORMS MOST BEAUTIFUL)

NIGHTWISH

Endless Forms Most Beautiful

Nuclear Blast; 2015

Por Lucas Scaliza





Após estabelecer o metal sinfônico como um estilo, o Nightwish manteve viva sua fórmula graças à aplicação de boas ideias que tornavam seus álbuns diversos. Foi assim com Once (2004) e com o último também, Imaginaerum (2012) - cujo maior trunfo foi agregar mais estilos e brincar com a forma, mantendo as características do grupo. Quem conhece a discografia do Nightwish e saber olhar além da barreira de orquestrações, verá que o novo disco dos finlandeses deixa a desejar e repete vícios da banda. Pois muito do que se ouve em Endless Forms Most Beautiful são reaproveitamentos de ideias já utilizadas, mas com pequenas mudanças.

Embora o tecladista Tuomas Holopainen tenha dito que este seria um disco mais pesado que os antecessores com Olzon nos vocais, é um peso menos catártico do que o apresentado em Once e em discos ainda mais antigos. Floor Jansen faz um bom trabalho vocal, mas parece subaproveitada em uma banda que virou refém de seu próprio estilo. Os vocais líricos sobre camadas de metal, uma característica que fez a fama do Nightwish nos tempos de Tarja Turunen, não estão mais presentes, infelizmente. Seria uma ótima oportunidade para voltarem a utilizar, mesmo que em apenas algumas faixas, vocais líricos, já que Jansen é uma soprano com um background de canto clássico.


Weak Fantasy” e “Yours In An Empty Hope” são as únicas mais pesadas do trabalho. Ambas são bem vigorosas e colocam o baixista Marco Hietala para fazer duetos agressivos com Floor Jansen. Já “Shudder Before The Beautiful”, “Élan”, “My Walden” e a fraquinha “Alpenglow” seguem o mesmo receituário livre de riscos: são canções feitas no mesmo esquema de uma música pop, mas com guitarras distorcidas e orquestração épica; e corais para dar a cara de metal sinfônico. Até a faixa-título “Endless Forms Most Beautiful” tenta ser pesada e soar mais gótica, mas é tão regular em tudo o que se propõe que se torna mais um ponto comum. Ela é a sétima faixa do álbum e até aqui você já está cansado de ver tanta batida marcadinha em 4/4. E se tirar os riffs de Vuorinen, o peso da faixa simplesmente some e vira uma trilha sonora de aventura (cortesia da orquestração lúdica e romântica que domina o disco todo).


Our Decades In The Sun” é a obrigatória power ballad, mas pelo menos o guitarrista, ainda que soe um tanto contido, consegue propor algo que fuja do metal e que não se repete em outra faixa do mesmo trabalho. “Edema Ruh” também se salva. O solo é bem feito e foge totalmente de qualquer outro solo que Empuu já fez na discografia da banda. A instrumental “The Eyes of Sharbat Gula” tem muitos toques étnicos, vocalizações e tambores, coral de crianças e flautas, sem falar nas onipresentes orquestrações.  Ela cria expectativa, mas nunca decola. Fica a impressão também que tudo foi arquitetado em torno de “The Greatest Show On Earth”, o épico de 24 minutos que fecha Endless Forms Most Beautiful. Apesar de seu começo validar a inclinação de Holopainen para a trilha sonora contemplativa e enfadonha, a faixa explode em sua segunda parte e aí sim mostra força em um heavy metal sinfônico digno de Nightwish. 


O tema do disco é a beleza da vida, e Tuomas partiu das teorias de Charles Darwin, sobretudo o que leu em Origem das Espécies, para nortear o disco como se fosse um filme mesmo (de novo, para o bem ou para o mal). A faixa mais longa deriva do pensamento do cientista Richard Dawkins. A ambição e o deslumbramento andam de mãos dadas em Endless Forms Most Beautiful para criar um dos discos mais fracos da discografia do Nightwish.

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