DISCOS: PRONG (SONGS FROM THE BLACK HOLE)
PRONG
Songs From The Black Hole
Steamhammer; 2015
Por Luciano Cirne
Com o perdão da analogia futebolÃstica, o Prong sempre foi uma espécie de América-RJ do mundo do rock pesado: Todos simpatizam mas no fim ficam sempre relegados a um plano secundário. Contudo, alheio a tudo isso, a banda, que gravou três discos clássicos nos anos 1990 simplesmente obrigatórios na coleção de qualquer roqueiro que se preze - a saber: "Beg to Differ", de 1990; "Prove You Wrong", de 1991 e "Cleansing", de 1994 - seguiu fazendo sua mistura original de thrash metal, hardcore, rock industrial e guitarras funkeadas, influenciando vários conjuntos que vieram posteriormente (Jonathan Davis e Trent Reznor são apenas dois que já admitiram em entrevistas a importância do Prong em seu som). Agora, prestes a comemorar 30 anos de carreira, resolvem eles mesmos prestar tributo a quem os influenciou, lançando "Songs From The Black Hole", talvez o disco de covers mais corajoso que se tem notÃcia.
Neste instante você que está lendo deve estar se perguntando "Calma aÃ, o que tem de tão corajoso em fazer um álbum de covers"? Responderei: primeiro porque eles escaparam do óbvio, a maioria das canções escolhidas são faixas não tão famosas dos artistas homenageados e segundo porque algumas músicas ganharam uma roupagem tão diferente que chegaram ao ponto de ficarem quase irreconhecÃveis.
A desconstrução foi tamanha que um desavisado é facilmente capaz de achar que trata-se de um CD de inéditas. Temos releituras do Husker Du ("Don't Wanna Know If You Are Lonely", em belÃssima versão), Killing Joke ("Seeing Red" - escolha que não é nenhuma surpresa, uma vez que Paul Raven, baixista da banda, segurou as pontas no Prong de 1993 a 1996), além de Sisters of Mercy, Fugazi, Bad Brains, Butthole Surfers e outros até o final apoteótico com "Cortez the Killer", do Neil Young, fechando-o com chave de ouro e levando-me a ter uma epifania: Todo grupo de rock que pensar em fazer um álbum de covers de agora em diante vai ter que ser trancado num quarto e escutar "Songs From The Black Hole" até não aguentar mais; quem sabe assim não aprende como é plenamente possÃvel não só fazê-lo de forma criativa como também soar respeitoso com a obra original - o amor de cada integrante pelos sons escolhidos transparece o tempo inteiro e isso faz a diferença.
Nota máxima com louvor!
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