Em show curto, Robert Plant privilegia clássicos do Zeppelin no Rio
Foto: Daniel Croce
Por Rafael Rodrigues
A alcunha de lenda do rock pode ser dada a poucos seres ainda vivos na atualidade. Robert Plant, no alto dos seus 66 anos, com certeza é uma dessas pessoas.
Quem foi ao Citibank Hall e esperava ver um show repleto de clássicos do Led Zeppelin, de alguma forma, teve seu desejo satisfeito. Do setlist modesto de 12 músicas, 7 foram da lendária banda britânica. "No Quarter" abriu o viagem musical da noite, que seguiu com "Black Dog" e "Going to California", que talvez tenha sido a mais fiel à original, entre as cinco primeiras da noite. De alguma forma, a Sensational Space Shifters, banda que acompanha Plant, trouxe uma roupagem nova em alguns dos clássicos do Zeppelin, como "Black Dog", por exemplo. Embora o modelo seja o mesmo, o resultado é um pouco diferente do apresentado em sua última visita ao país, em 2012.
Tendo uma plateia formada basicamente por fãs do Led Zeppelin, é muito natural que quem não tenha tanto conhecimento da trajetória solo de Plant esperasse algo mais fiel à sua antiga banda. Mas musicalmente falando, o show trazido ao Rio foi uma experiência e tanto. Com bastantes elementos musicais africanos, uma marca do seu último - e ótimo - álbum, Lullaby and the Ceaseless Roar (2014), a apresentação teve uma atmosfera viajante. Em alguns momentos com a participação do músico de origem africana, Juldeh Camara, as músicas soavam como uma mistura heterogênea entre o hard rock clássico e pitadas de toda musicalidade adquirida por Plant durante sua carreira.
O fato é que mesmo escolhendo um repertório baseado em sua obra com o Zeppelin, o modelo do show proposto por Plant tem caráter mais intimista - onde foge um pouco à regra, a execução catártica de "Rock And Roll", no fim. Talvez o seu grande desafio de Robert Plant seja manter o público - que tende a ser mais jovem e com a expectativa de ver um "cover" do Led Zeppelin - interessado durante 1h30 de apresentação. Aqui no Rio rolou. Agora vamos aguardar e ver até onde a lenda do rock e seus experimentos musicais podem chegar em um festival repleto de entretenimento e gente menos interessada nos stages, como o Lollapalooza Brasil.
St. Vincent
A vocal/guitarrista Annie Clark é uma artista e tanto. A favor de sua carreira tem nada mais, nada menos, o fato de ter cantado e tocado na única reunião do Nirvana após a morte de Kurt Cobain. Isso, por si só, já seria motivo para despertar a curiosidade de assistir a moça. Mas quem chegou mais cedo para o show de Plant foi preparado à altura para a viagem que estava por vir. o St. Vincent tem uma atmosfera oitentista, com sons eletrônicos, com pitadas, inclusive, de Depeche Mode. Guitarrista virtuosa, Annie mescla muito bem o passado e o futuro da música. Com solos fortes e marcantes, e coreografias (sim, coreografias), a banda conseguiu arrancar aplausos dos ansiosos fãs de Plant. Destaque para a bonita e bem executada "Cheerleader", que soa melhor na versão ao vivo do que de estúdio. Num show de pouco mais de meia hora, a banda não decepcionou, e parece ser uma atração mais compatível com o Lollapalooza do que o próprio Robert Plant.
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