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DISCOS: SWERVEDRIVER (I WASN'T BORN TO LOSE YOU)

SWERVEDRIVER

I Wasn't Born To Lose You

Cobraside; 2015

Por Luciano Cirne



Fato: O ano de 2015 está sendo muito bom para os indies saudosistas. Afinal, várias bandas icônicas que haviam paralisado suas atividades resolveram subitamente nos brindar com novos -e ótimos - trabalhos. Primeiro foram as garotas do Sleater-Kinney e agora os britânicos do Swervedriver, espécie de Patinho Feio da santíssima trindade da cena shoegaze (junto com o Ride e o My Bloody Valentine) que dominou o Reino Unido no final dos anos 1980 até meados dos anos 1990 - gerando vários frutos por aqui, como o Pin Ups e o Second Come

A música mais famosa do grupo, "Duel", só se tornou conhecida por ter feito parte da trilha sonora do jogo de Playstation, "Road Rash" - quem teve a sorte de jogar deve lembrar que, se você deixasse o game ligado, mas não apertasse o Start, rolava um videoclipe da canção. Apesar de nunca ter tido o mesmo reconhecimento dos demais por não ser tão radical e não pegar tão pesado na barulheira - investindo em melodias mais acessíveis - eles sempre tiveram um séquito de fãs fieis, especialmente no velho continente. Só que agora, 17 anos após seu último registro fonográfico (o razoável "99th Dream"), surpreendentemente retornam com "I Wasn't Born To Lose You". 

A primeira coisa que chama atenção, logo aos primeiros segundos da faixa de abertura "Autodidact" - com letras bem ao estilo da banda, sobre sair a toda na estrada com seu carrão - é o sentimento contraditório que toma conta do disco: ao mesmo tempo que parece que estamos ouvindo uma banda que soa atual e afiada, como se tivessem ficado apenas uma semana sem tocar, tem-se a impressão que esse disco é alguma sobra de estúdio lá de meados dos anos 1990, pois não há nenhum esforço por parte do Swervedriver em modernizar o som, e isso é uma coisa maravilhosa; eles sabem no que são bons e principalmente, sabem o que seu público quer ouvir. Além disso, todo álbum tem várias canções sobre automóveis, estradas, postos de gasolina e afins - se esses caras não fossem músicos, com certeza seriam mecânicos ou pilotos de Fórmula 1!

Se você é fã, não tem absolutamente nada a temer: Mesmo nos momentos onde as guitarras parecem querer falar mais alto (caso da hipnótica "Last Rites" e da séria candidata a canção do ano "Red Queen Arms Race"), a pegada pop está lá, impedindo que ouvidos mais sensíveis se assustem. "Setting Sun", escolhida como primeiro single, parece saída diretamente das sessões de "Mezcal Head", sua obra-prima de 1993, assim como "Deep Wound", que soa como o Teenage Fanclub da época de "Bandwagonesque", e assim vai até seu encerramento com a belíssima "I Wonder", com sua sintomática letra que parece definir todo o conceito do álbum ("Contemple esta criação rítmica / ela é bela e verdadeira"). Não precisam pedir, tenho certeza que todos os fãs da banda vão assinar embaixo. 

Excelente disco e, desde já, presença garantida na minha lista de melhores do ano.

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