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DISCOS: MACACO BONG (MACUMBA AFROCIMÉTICA)

MACACO BONG

Macumba Afrocimética

Independente; 2015

Por Bruno Eduardo







Macaco persistente. Bruno Kayapy - o excelente guitarrista, baixista e produtor do Macaco Bong - é incansável. Carregado pela ideologia do it yourself and fuck the world, ele segue uma cartilha autêntica, que deveria ser exemplo para a maioria das bandas iniciantes. Para ele, em primeiro lugar está a sua arte, e em segundo, a consequência dela. Longe de plataformas estáticas ou coletivos fantasiosos, o músico criou seu próprio estúdio e também uma mídia (revista+instrumental) para poder bancar essa aventura. Talvez por isso, podemos dizer que Macumba Afrocimética, o mais novo disco do Macaco Bong, é antes de tudo um nobre relato sobre perseverança. 

Musicalmente, o disco é audacioso. Para tentar se reinventar, o grupo apostou em uma sonoridade retrô, com overdose de dubs e ausência completa de guitarras. Kayapy relegou seu instrumento original e optou por dois contra-baixos e um som de bateria quase overall em Macumba Afrocimética. A proposta se resume em uma cartilha sonora menos intricada e direta. Há drops grunge, representada logo no início pela obscuridade de um Alice in Chains ("Afirmativo"); e na nirvânica "Olho de Caça" - que remete a ambiência percorrida por Kurt Cobain em seus últimos anos de vida. Já a influência de um Tom Morello aparece forte em "Abramacabra", com sua levada para cima, lembrando muito Rage Against The Machine (fase 'Evil Empire'). Mas o grupo não fica só fincado nos anos noventa - principal influência deste novo trabalho. Eles também mostram que não abandonaram a psicodelia - marca registrada de suas apresentações. Faixas como "Macaco Bonger", ou a levada jam de "Funk do Cuoco", são campo aberto para epopeias instrumentais que podem crescer bastante ao vivo. Já a faixa-título é recheada de overdubs e diálogos trepados, em um clima western, ao estilo dos sensacionais Messer Chups.    

Com Macumba Afrocimética, o Macaco Bong vem para perfurar as barreiras do conformismo. Hoje, a banda segue na contra-mão do que o mercado sugere e caminha isolada, amparados apenas pela intuição artística, e pela atitude. Enquanto houver fôlego para gente como Bruno Kayapy e seus pedreiros Daniel Fumega (bateria) e Julito (baixo), a essência do artista independente permanecerá intacta.

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