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DISCOS: FOLKS (FOLKS)

FOLKS

Folks

Toca Discos; 2015

Por Bruno Eduardo





Cuidado! Há um complô se formando nos becos cariocas. Depois de tomar de assalto as noites da cidade e invadir mídias e praças populares, eles querem dominar as plataformas digitais com lançamentos atrás de lançamentos. O rock ferve no Rio de Janeiro e a minha lista dos melhores discos de 2015 só aumenta. Culpa das bandas que decidiram entrar em estúdio todas ao mesmo tempo e vão entupindo as redes sociais com links e hashtags. Para você ter uma ideia de como esse movimento vem causando ruído, até o iTunes acusou o golpe recentemente, ao receber em seu catálogo o disco de estreia da banda Folks - alcançando a terceira posição dos mais vendidos no gênero. 

No que também pode ser considerado uma viagem de volta ao rock rústico dos anos setenta, o homônimo álbum desta banda carioca é nada mais, nada menos do que uma bolacha de puro rock n' roll repleta de riffs e solos de guitarra crocantes. Já o vocal despojado de Kauan Calazans dá um atrativo diferente à proposta - e em alguns momentos remete muito ao que o Cachorro Grande mostrou no início da década passada. Além da boa musicalidade, o trabalho conta também com uma mixagem sagaz, que tratou de deixar as guitarras no talo e com um som menos genérico. Com isso, é possível ouvir solos estonteantes em cada canto escondido - até mesmo por entre refrões grudentos, onde o vocal deveria ser o único destaque (deveria?). Um exemplo disso é a faixa "Muito Som" - que abre o álbum. Essa é também a música mais comercial da banda e não coincidentemente o primeiro single - com direito a vídeo clipe nos youtubes da vida e galera cantando nos shows. Mas não poderia ser diferente, já que a música é realmente chiclete. Duas audições da mesma, e você vai se pegar cantarolando o refrão em algum momento do dia (lanço esse desafio). "Sei", que vem em seguida, é outra candidata a modelo hit radiofônico - dessas rádios que não existem mais. 

Os momentos de calmaria do disco podem ser encontrados entre acordes macios e letra "fofa" de "A Casa dos Lugares" ou no silêncio subitamente quebrado de "Outra Vez". Mas o melhor de Folks está no rock ruidoso e cheio de contestações. Seguindo essa fórmula, eles acertam em cheio na fortíssima "Até o Mundo Cair", onde dizem: "Milhares de caras novas vestem outras formas de se enganar / Cavam suas próprias covas e seguem várias regras que eu quero quebrar / Eu não sou como vocês". A música também é recheada de bons riffs e bateria dinâmica, que servem como diário perfeito para as letras - quase sempre impetuosas - do grupo. Tal ímpeto - marca registrada do rock genuíno - segue representado no ataque de fúria "Led". Guiado por um hard à la Matanza, essa pode ser considerada um hino para muitos roqueiros de meia-idade. Após um ataque de fúria da namorada - com direito a disco do Led Zeppelin jogado pela janela -, a D.R. rendeu uma letra bem sacada: "Não existe o príncipe que sonhou / O cavalo é um fusca branco e pifou!". O blues, que é considerado uma das principais influências do Folks, aparece descarado na ótima, "Máquina"; e, fechando com chave de ouro, uma das preferidas da casa: "Paralelas Imperfeitas" - uma espécie de hardcore com guitarras no estilo Cream

Para você, que ainda teima em dizer que o rock nacional não lança bons discos, deixo uma dica gratuita: que tal começar por esse aqui?  

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