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DISCOS: IRON MAIDEN (THE BOOK OF SOULS)

Foto: Iron Maiden / The Book Of Souls

IRON MAIDEN

The Book Of Souls

BMG; 2015

Por Bruno Eduardo





The Book Of Souls não está relegado apenas ao título de "disco mais longo da história do Iron Maiden". O álbum pode ser visto de duas formas distintas, porém, ambas desaguam na mais pura e límpida fonte do que de melhor existe dentro do heavy metal. Para os fãs antigos, ele aparece como um resgate saudosista - nada que a banda não tenha feito um dia, é verdade, mas que remete a muitos flashes dentro de sua longa discografia. Já para os fãs mais jovens, The Book Of Souls é ainda mais importante. Ele pode ser considerado uma inserção histórica para a nova geração. Parece um exagero, mas não é. 

Pegando apenas o rock como referência, podemos afirmar que o Iron Maiden é a banda veterana em atividade que possui o público com a menor média de idade dos novos tempos. E se você acha que isso serve apenas como uma simples estatística, está enganado. Eles sabem trabalhar isso como poucos. Tanto que o súbito interesse do grupo pelos games não foi à toa. De acordo com Dickinson, eles procuram entender o mercado em que estão inseridos, e tentam sempre se antecipar aos fatos. "Os garotos de hoje em dia passam noites inteiras jogando videogame, e não podem perder uma hora ouvindo um bom disco?", questiona o vocalista. O fato é que nada disso faria tanto sentido se sonoramente as coisas não funcionassem. Mas quando você ouve "Speed Of Light", que Ã© sem sombra de dúvidas, o melhor single lançado pela Donzela desde "The Wicker Man", você tem a certeza que esta é realmente aquela banda que você aprendeu a amar - ou respeitar - nos idos dos anos oitenta.  

Isso fica provado logo no início do disco com "If Eternity Should Fail", que reúne em 'apenas' oito minutos todos os ingredientes que fizeram o Iron Maiden se tornar um dos mais importantes grupos da história. Está tudo lá: as dobradas de guitarras, o baixo cavalgado de Harris, os interlúdios bem tramados entre um solo e outro, e uma narração sinistra no final. O fato de ter várias canções longas já daria ao álbum um tom épico, mas TBOS vai além. A epopeia divina que leva o nome de "The Red And The Black", por exemplo, é daquelas canções credenciadas a se tornar um clássico. Além de possuir a levada característica do grupo, a música ganha um upgrade magistral de seis minutos ininterruptos de viagem instrumental - com direito a várias mudanças de andamento, teclados preeminentes e um coro vocal para estádios (ôo-ôo).

Agora, como falar de Book Of Souls sem ressaltar a desenvoltura de Bruce Dickinson? Ainda mais sabendo de tudo o que o cara passou nessa fase recuperação do câncer. A atuação dele em faixas como "The Great Unknown" e "When The River Runs Deep", comprova que a voz continua afiada - e que segue voando alto em notas de raro alcance. Mesmo que o disco tenha sido gravado antes dele apresentar problemas de saúde, é sempre bom lembrar que o mesmo bate na porta dos sessenta anos de idade. Mas isso parece não fazer diferença quando ouvimos a sublime cantoria de "The Man Of Sorrows" - que é guiada também por um solo de guitarra estupendo e cheio de reverb.

Por se tratar de um álbum duplo - o primeiro da carreira -, a primeira parte chega ao fim na faixa-título (que pode ser considerada uma das melhores). Já o segundo CD abre com a empolgante "Death Or Glory", que tem pinta de segundo single do disco - curta e com refrão fortíssimo, ela ganha forma na bateria de Nicko McBrain. Outra que também não se alonga muito é a aberta - em acordes e melodia - "Tears Of A Clown". Há ainda um autoplágio em "Shadows Of the Valley", com introdução chupada do hit "Wasted Years" (do álbum Somewhere In Time, lançado em 1986). Mas o melhor de The Book Of Souls fica mesmo para a enorme "Empire Of The Clouds". A abertura é orquestral - com direito a piano de calda e teclados em som de violino. Nessa música, o baixo de Harris, famoso pelo som galopante, canta em notas suaves. A faixa cresce de forma gradativa até se tornar um prog dos bons, que evolui de forma robusta e chega ao ápice nos cinco minutos finais - com direito a inserção de teclados orientais e pianos à la ELP.

Evidente que The Book Of Souls nunca vai fazer parte do prisma consagrado que estão inclusos discos como The Number Of The Beast, Piece Of Mind e Powerslave. Talvez esteja abaixo até da fase secundária do grupo, que brilhou no magnífico Seventh Son Of A Seventh Son. Mas desde que essa formação atual se consolidou em 2000, quando lançou o excelente Brave New World, esse é certamente o trabalho que mais tem a dizer aos novos e velhos fãs da donzela, e por isso mesmo, se faz tão fundamental nos dias de hoje. Up The Irons!

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