David Gilmour fala dos shows no Brasil e explica sua relação com Roger Waters
Foto: Kevin Westenbergr
Por Karla Beltrani / Érika Sá
Antes do mega show que promete fazer no Allianz Parque, David Gilmour, o eterno vocalista e guitarrista do Pink Floyd, foi recebido por jornalistas num salão nobre do estádio para conceder uma coletiva de imprensa na manhã desta quinta-feira (10).
Quem achou que Gilmour não abriria um sorriso aos repórteres e fotógrafos por conta de sua origem britânica se enganou. O músico parecia bastante à vontade e distribuiu simpatia e bom humor durante toda a sessão de perguntas. Ele esteve acompanhado de sua esposa e inspiração declarada, a escritora e compositora Polly Samson; do guitarrista e produtor Phil Manzanera; e de um brasileiro, o saxofonista curitibano João de Macedo Mello, que fará parte da banda nessa turnê.
David Gilmour iniciou a coletiva dizendo estar feliz por se apresentar no Brasil pela primeira vez, e também por ter condições e estrutura adequadas para realizar uma turnê na América do Sul (a banda também fará shows na Argentina e no Chile).
Mesmo divulgando seu novo disco, Gilmour não fugiu das perguntas relacionada ao passado, e surpreendeu pela franqueza ao falar de sua conturbada relação com Roger Waters. Esse aliás, foi um dos pontos altos da entrevista. Ao seu perguntado sobre sua última reunião com o Pink Floyd, que aconteceu no Live 8, em 2005, Gilmour não titubeou e deixou claro que suas diferenças com Waters impossibilita qualquer condição de um novo retorno:
“O show em si foi bastante agradável, mas não vou mentir e dizer que estava tudo bem. Os ensaios foram bem tensos. Existe uma história muito dolorosa entre nós. As discussões começaram logo na decisão do setlist e de como deveríamos tocar. No final das contas, tive que deixar claro para o Roger que ele era apenas um convidado da banda e a palavra final não seria dele. E qualquer tipo de reunião ou volta está descartada”.
Acompanhado pelo parceiro musical, produtor e guitarrista Phil Manzanera, Gilmour falou da facilidade que é trabalhar ao lado de sua esposa Polly, que escreveu boa parte das letras do álbum Rattle That Lock. Além de ser bem atuante, ela tem voz ativa no direcionamento da carreira de David Gilmour.
Questionado sobre o saxofonista brasileiro, ele disse: “Nós tivemos muita sorte. Fomos apresentados por um amigo em comum que estava trabalhando com ele. Estávamos precisando de um novo saxofonista. E João surgiu como mágica. Ele tem feito um trabalho fantástico. Ele é ótimo”, elogiou o guitarrista. Mello completou: “É uma honra fazer parte desse trabalho. Eu escuto Pink Floyd e David Gilmour desde pequeno”.
Já sobre o setlist, Gilmour explicou que não deve ter músicas de seus primeiros álbuns solo, David Gilmour (1878) e About Face (1984). Apenas faixas mais recentes, e é claro, os clássicos do Pink Floyd, músicas como “Wish You Were Here”, “Comfortably Numb” e “Money” são esperadas por estarem no setlist da turnê. Gilmour diz:
"É um trabalho difícil escolher o que me agrada e que também agradará o público. Tocamos um setlist que eu acho que cobre grande parte da carreira. Mas, em todos esses anos, desde 1968, há muito material. E parte dele simplesmente tem que ficar de fora. Às vezes há temas abordados em músicas que parecem não fazer sentido no momento. Peço desculpas se não tocar as suas favoritas”, disse.
Perguntado sobre os seus álbuns favoritos e os guitarristas que o influenciaram, Gilmour disse que não consegue lembrar dos cinco primeiros, mas citou um. “Não muitos. Eu não consigo dizer quais são os cinco. Muda o tempo todo, mas eu gostei muito de Push The Sky Away, o mais recente de Nick Cave & The Bad Seeds. É o meu preferido dos últimos tempos”. Dos guitarristas esseciais, ele mencionou Eric Clapton, Jimmy Hendrix e Jeff Beck. “Mas na verdade, são vários”, ele diz.
Mr. Gilmour se apresentará em São Paulo nos dias 11 e 12 de dezembro no Allianz Parque, no dia 14 na Pedreira Paulo Leminski em Curitiba e no dia 16 na Arena do Grêmio, em Porto Alegre.
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