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Em show devastador, Exodus dá aula de thrash metal no Circo Voador

Foto: Bruno Eduardo

Por Bruno Eduardo

O show do Exodus no Circo Voador foi uma demonstração digna da chamada "era de ouro" do thrash metal. Ao lado de Testament, Vio-Lence, Forbidden e Metallica, eles tiveram papel importante na disseminação do gênero no mundo inteiro, solidificando a - então - embrionária cena thrash metal da Bay Area no fim dos anos setenta. De lá para cá, a banda sofreu várias mudanças em sua formação, e hoje chega ao Brasil com um time pouco mexido, se comparado ao último show no Brasil, que aconteceu em 2014. 

A ausência do guitarrista Gary Holt - que não veio ao Brasil para cumprir compromissos com o Slayer - não impediu que o grupo entorpecesse os fãs com riffs massacrantes e solos de guitarra altamente técnicos. Holt foi habilmente substituído pelo excelente Kragen Lum (da banda Heathen), que sonoramente, não ficou devendo. A banda abriu a pancadaria com duas de seu último disco ("Black 13" e "Blood in Blood Out"), já bastante conhecido por aqui. Mas foram em canções mais clássicas que o show acabou ganhando forma. "Derranged", do clássico Pleasures Of The Flesh, é uma das que melhor representam o thrash embrionário nos anos oitenta. O riff dessa música pode ser visto como uma espécie de cartilha básica para o gênero - repetido por quase toda a geração dos anos 90 (incluindo o próprio Sepultura, fase Arise).

No palco, quem toma conta da situação é o veterano Steve "Zetro" Souza. Único a falar diretamente com o público, o vocalista ordena a cada música que mãos com chifrinhos sejam exibidas e pede cuidado entre os fãs na hora do pogo. Mantendo o clichê, ele também não se cansou de repetir que o Brasil é o melhor lugar do mundo para fazer shows - e tomar cachaça. No entanto, vale destacar que a voz do sujeito continua em dia.  

O show ganhou seu ponto alto com duas faixas do exuberante Bonded By Blood - "Metal Command" e "Piranha" (que também teve a maior roda de pogo da noite). O hino do thrash, "War is My Shepherd", do cultuado Tempo Of The Damned (lançado em 2004) deixou os fãs batendo cabeça e solando air guitars - assim como o vocalista Steve Zetro, que numa brincadeira de palco, utilizou a pedaleira de Krag Lum para solar sua guitarra imaginária. Do mesmo álbum, "A Lesson in Violence" (que soa muito mais brutal ao vivo) fechou a melhor seqüência da apresentaçãoJá a violenta "Strike Of The Beast" - e sua locomotiva desgovernada de riffs - foi o final perfeito de show, com rodas indianas e pogo comendo solto.   

A maior conclusão que possa ser tirada desta insana experiência de assistir um show do Exodus, é que os amantes do thrash metal "mainstream", hoje representados pela dupla Metallica / Slayer, possam sempre que for necessário, revisitar uma parte desse museu Bay Area em casas menores, que possuem bandas tão essenciais, e com os mesmos níveis extremos de habilidade, personalidade e camaradagem - ingredientes peculiares nesta forma tão amada de se fazer heavy metal.

Foto: Bruno Eduardo

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