Discos: Soul Asylum (Change Of Fortune)
Foto: Divulgação
SOUL ASYLUM
Change Of Fortune
eOne Music; 2016
Por Luciano Cirne
Se você acompanhou os áureos tempos da MTV nos anos noventa, certamente se lembra do Soul Asylum. Os vÃdeos de músicas como "Without a Trace", "Just Like Anyone", "Runaway Train", "Somebody to Shove" e "Black Gold" eram exibidos até a exaustão e costumavam ser presença garantida no Top 20 Brasil. Porém, o tempo é uma entidade cruel e eles passaram a última década lançando discos que quase ninguém parou para prestar atenção. Agora, em 2016, eles voltam com um novo trabalho após um hiato de quatro anos, sintomaticamente chamado de Change Of Fortune (na tradução, "Mudança de Sorte"), talvez na tentativa de espantar a urucubaca e retornar aos dias de glória. Mas lamento informar, ainda não foi desta vez.
O problema principal é que a tarefa de compor caiu toda sobre os ombros do vocalista David Pirner, único membro original que restou, e pelo visto ele não soube lidar com tanta responsabilidade (pela primeira vez ele compôs sozinho todo o disco). Se por um lado o disco é bastante enérgico, por outro é assustadoramente sem direção. Grandes exemplos disso são as faixas "Can't Help It" (que parece alguma sobra de estúdio de bandas como Guns N' Roses ou Aerosmith), "Make It Real" (que está mais para uma coletânea de dance music dos anos 1990) e "Ladie's Man" (que lembra bastante "Viva La Vida" do Coldplay). Sem contar que David nos brinda com uma das maiores pérolas do mau gosto compostas e gravadas nos últimos tempos: "Morgan's Dog", que fala sobre um garoto que resolveu sem motivo aparente dar um tiro na cabeça do seu cachorro (!!!).
Não que o trabalho como um todo seja ruim, alguns sons até dão a impressão que a coisa tem potencial para engrenar, caso da inspirada "Supersonic" - que abre os trabalhos - e da alegre e agitada "Doomsday". Mas, com o perdão da expressão, a coisa no fim causa uma sensação parecida com a de um coito interrompido: você acha que está ficando bom, mas aà vem um balde de água fria que estraga completamente o clima.
Não há nada de errado em tentar dar uma roupagem diferente à banda, tentar se atualizar ou mesmo fazer um som mais comercial, mas com canções tão fracas, sinto muito, não dá! Dessa forma, não é só a sorte do Soul Asylum que não vai mudar, como também, me arrisco a dizer que, se David Pirner continuar sozinho na posição de mente criativa do conjunto, o futuro do Soul Asylum estará cada vez mais rumo ao ostracismo.
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