27 anos depois, Billy Gould fala sobre 'The Real Thing', disco que mudou a vida do Faith No More
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Faith No More em 1989, na época que lançaram o disco The Real Thing |
Um show pode mudar a vida de um disco? Aqui no Brasil, isso aconteceu. Em janeiro de 1991, após uma apresentação antológica (Rock in Rio 2), o disco The Real Thing foi caçado selvagemente em todas as lojas do paÃs. Para a grande surpresa da maioria das pessoas, ele já estava na praça há dois anos (desde 1989). Aqui, o álbum saiu em dois formatos na época: LP e fita k-7. Inclusive, ter a fita era mais interessante, já que ela vinha com duas músicas extras (a balada "Edge Of The World" e "War Pigs", do Sabbath). Em um bate-papo com Billy Gould, baixista e fundador do grupo, ele disse que a banda não tinha feito muitas músicas para o disco e que a gravadora aproveitou todas as sobras na época.
"Além dessas que estão no álbum, as únicas sobras foram "The Cowboy Song" e "The Grade", que acabaram sendo lançadas pela gravadora como faixas extras do nosso álbum ao vivo na Brixton Academy", afirmou Billy, com exclusividade ao Rock On Board.
Como a maioria dos fãs já sabem, após o sucesso do disco, o rótulo 'funk metal' incomodou tanto a banda que eles acabaram se afastando totalmente dessa proposta no álbum posterior - o cultuado Angel Dust. Mas é fato que o Faith No More só é o Faith No More por culpa de The Real Thing - o disco que transformou, que mudou, que deu vida ao grupo. Antes disso, eles não passavam de cinco rapazes esquisitos da Bay Area que flertavam com o pós punk e o funk rock dos Chili Peppers.
Para muitos, a entrada de Mike Patton na banda foi o que realmente catapultou The Real Thing ao sucesso. Mais versátil e melhor cantor que Chuck Mosley, Patton também trouxe uma imagem mais comercial ao quinteto, o que potencializou o sucesso de vÃdeo clipes, como "From Out Of Nowhere", "Epic" e "Falling To Pieces". No entanto, a ascensão sonora do Faith No More não teve tanta influência do vocalista, já que a estrutura musical de The Real Thing já estava praticamente pronta quando ele chegou. Billy Gould diz:
"Quando Patton entrou na banda, nós já tÃnhamos a maioria das músicas de The Real Thing escritas. Acho que 85% das músicas já estavam totalmente finalizadas. Pensando bem, talvez 95%", calculou.
O maior sucesso do disco, quiçá do grupo, é a música "Epic", um dos hits mais inovadores que o rock pesado viu um dia. Além das batidas tribais, vocais apoiados no rap e guitarras oriundas do heavy metal, a canção se destaca principalmente pelo piano clássico no final - eternizado pela a imagem de um peixe se debatendo no vÃdeo clipe. Billy Gould afirma que esse arranjo do piano sempre fez parte da canção e que não foi colocado de forma sugestiva na hora da gravação. Inclusive ele fala que possui ainda a versão demo da música guardada.
"A música foi escrita originalmente com esse piano no final. Inclusive, eu que fiz esse arranjo. Certamente eu tenho as gravações originais com "Epic" em algum lugar na minha pilha de fitas que fica no meu porão de casa"
É curioso dizer também, que hoje The Real Thing é o disco pop do Faith No More. Curioso, porque ele é facilmente encontrado nas prateleiras de heavy metal. Não foi por acaso também que ele foi considerado o álbum do ano por alguns tabloides conceituados (Spin e Kerrang). Afinal, ele conseguia misturar de forma estilosa as exóticas influências de seus integrantes sem perder a tendência ao hard/trash. Sem sombra de dúvidas, The Real Thing era uma das coisas mais originais que o rock pesado poderia oferecer na época. Mas como Billy Gould vê o disco hoje em dia?
"Hummm... Para ser honesto, eu quase não escuto mais este disco. Mas adorava ele na época em que foi lançado. Não gosto muito de pensar nos discos pela importância causada no tempo e sim de como ele foi importante na época para o que entendÃamos ser necessário para a banda. Tanto que não tenho um disco preferido ou que acho ser mais importante. Gosto de todos da mesma forma"
The Real Thing obteve um sucesso estrondoso ao redor do mundo, e ajudou a popularizar um estilo até então novo: o funk o’metal. Como era de se esperar, o Faith No More virou moda nos quatro cantos do planeta - aqui no Brasil então, foi uma verdadeira febre. Depois de conhecer a fama, a banda inovou mais uma vez no genial Angel Dust. Mas aà já é uma outra história, que foi contada em um outro capÃtulo e pode ser conferida AQUI.
Esse disco foi lançado na época certa, algo que está fora de contexto hoje em dia pois a mÃdia e a cultura pop virou as costas pro estilo. Se acha que estou exagerando, reflita bem qual banda abriu as portas pro glam metal... The Bon Jovi -o próprio Richie Sambora sempre deixou claro que era a banda, e não só o vocalista. Particularmente não curto essa banda, mas não consigo negar os fatos de que eles ajudaram a cena do rock a ganhar vida e entupir a MTV com clipes (o pop estava praticamente morto até 1992)
ResponderExcluirO Faith No More chamou a atenção, mas depois de Angel Dust eles puxaram muito pro estilo semelhante ao Napalm Death -principalmente nos shows de 1994 em diante.
Infelizmente Jim Martin caiu fora e isso se reflete muito na sonoridade.