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Discos: U.K. Subs (Ziezo)

Foto: Divulgação
U.K.Subs chega ao disco de letra "Z" com a mesma energia do primeiro álbum
U.K. SUBS
"Ziezo"
U.K. Subs Records; 2016
Por Luciano Cirne


Quando escrevi a crítica para o (excelente) novo álbum do Discharge, comentei a respeito do quão estranho era o fato de várias bandas reverenciarem sua obra, mas ao mesmo tempo o público (principalmente as gerações mais novas) não dar a eles a devida atenção. Pois bem, essa mesma situação acontece também com os punks britânicos do UK Subs

Na ativa desde os primórdios do movimento, o vocalista Charlie Harper (favor não confundir com o personagem de “Two And a Half Men”!) e os inúmeros integrantes que por lá passaram fazem um street punk rasgado, que chegou até a fazer certo sucesso com singles atingindo o top 40 da parada do Reino Unido, mas que agora só era lembrado por bandas como o Guns N’ Roses, que regravou “Down On The Farm” em seu álbum de covers Spaghetti Incident e o Rancid, cujo guitarrista Lars Frederiksen, além de fã declarado, já foi membro tapa buraco em algumas turnês. É realmente uma pena que isso tenha acontecido pois a despeito de não terem mais a visibilidade de outrora, nunca deixaram a peteca cair, fazendo discos inspirados para poucos ouvidos antenados.

Ziezo inclusive merece atenção especial devido ao fato de provavelmente ser seu último CD de estúdio, já que desde o início de suas atividades, a ideia era batizar cada álbum em ordem alfabética para terminar na letra Z (o primeiro trabalho se chama Another Kind of Blues, o segundo Brand New Age e por aí vai). Se esse for realmente o canto do cisne, então encerraram suas atividades com chave de ouro: É óbvio que não há um pingo de novidade aqui, mas sejamos sinceros, quem é que procura um disco do UK Subs esperando algo diferente? Seus fãs querem é ouvir o punk rock rasgado de sempre, o que a banda sabe fazer com maestria. O que sai das caixas de som é puro UK Subs e isso já é garantia de qualidade e diversão, como a faixa de abertura “Polarisation” deixa claro;  excelente cartão de visita e que também serve para atestar que o nosso amigo Charlie, apesar de estar com 72 anos, ainda tem gás e disposição para dar e vender. Também merecem destaque as enérgicas "Oligarchy",  "Dope Fiend" e o ska "City of The Dead" que mais parecem outtakes do Rancid (olha eles aí de novo!); "Banksy", que foi composta em homenagem ao famoso e enigmático artista de rua inglês; "Proto Feminist", com um curioso e inusitado arranjo com sintetizadores e a bluesy "Disclosure" até o final com "Zeitgeist", que fecha a bolachinha no mais clássico estilo UK Subs de ser.

Comemorando 40 anos de atividades, só nos resta esperar agora que eles resolvam rever sua decisão e passem a batizar os discos que porventura vierem de agora em diante numericamente, pois assim saberíamos que enquanto o nosso amigo septuagenário Charlie Parker tivesse disposição, seríamos sempre abastecidos com mais música de qualidade (não custa nada sonhar, né?)... Porém, enquanto não reveem a decisão, só me resta agradecer pelos serviços prestados e por esse belo disco! 

Apesar de terem dado umas pequenas derrapadas nos últimos trabalhos - caso dos não muito bem recebidos pelos fãs Work In Progress e Yellow Leader -, 'Ziezo' (cuja capa aliás é uma versão alterada da arte do álbum de estreia 'Another Kind of Blues', sinalizando o fechamento de um ciclo) é um bom ponto final, digno do legado da banda. Muito bacana mesmo!

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