De volta ao Rio após 10 anos, Sisters Of Mercy é simples, direto e impactante
Foto: Amanda Respício
Andrew Eldritch mantém visual blasé e postura discreta durante o show |
Obscuro, simples, direto e impactante. Este é o resumo do show do Sisters of Mercy no Vivo Rio, após 10 longos anos de sua última apresentação na cidade. Para um público módico, em torno de 1500 pessoas, a casa teve uma atmosfera assim, digamos, londrina: bem sombria, escura e esfumaçada. E muita fumaça.
Ao som de "More", o ícone Andrew Eldritch entra no palco com um figurino um pouco fora do seu normal: um terno blasé e óculos escuros - postura que adotaria até a metade do set. Ele é frio, direto e sem muitos gestos. Sua voz grave, ainda um pouco baixa no início, ajuda a criar tal atmosfera. As iluminação também é baixa e o clima é realmente dark - com pouca luzes, e todas bem escuras. E isso não é ruim. "Ribbons" e "Doctor Jeep/Detonation Boulevard" ajudam a incitar os mais ávidos fãs da banda, que nessa hora, já começam a ficar satisfeitos com o que estão vendo. A primeira a fazer o público gritar de verdade é "Amphetamine Logic". Já "Alice", apresenta algumas mudanças, mas é maravilhosamente executada.
O show é reto. Não há intervalos entre uma música e outra. "Marian" teve uma abertura com mais guitarras presentes do que o tradicional e "Dominion/Mother Russia" reservou um dos grandes momentos da noite, onde os fãs cantaram de braços erguidos – contagiando até Andrew, que arriscou se mexer mais após essa música. Afinal, é certo que muitos dos presentes já tiveram uma fitinha BASF com essa música gravada nos anos 80/90? No fundo do palco, Ravey Davey, abrigado em uma estrutura metálica, cuidava das programações e das baterias eletrônicas. A apresentação segue com boas músicas, e algumas “novas” - que nunca foram gravadas ou lançadas em um EP, mas que são executadas há muitos anos em shows, como "Arms", "Crash and Burn" e "Summer".
Já no final, com a casa completamente tomada pela fumaça - onde não era possível nem enxergar o camarote, localizado no andar superior do Vivo Rio - surgiram "Jihad" e "Flood II" (que fica um pouco vazia sem o som do baixo). A volta para o bis se deu numa excelente interpretação de "Something Fast" - rendendo o momento recorde da noite de celulares erguidos. Além disso, o público pôde conferir a base grave de "Lucretia My Reflection" e as guitarras rasgadas do clássico "Vision Thing".
Ainda teve mais um bis com direito a "First and Last and Always" - em versão bem próxima da original, lançada em 1985. "Temple of Love", com destaque para o bumbo (mesmo que eletrônico) e a potência vocal de Eldritch. O desfecho veio com "This Corrosion" e o refrão cantado de forma uníssona pelos fãs. Ovacionados, Andrew e seus companheiros de banda reverenciaram a plateia. O vocalista se despediu mandando um singelo beijo para os fãs.
Não, não precisou de encanto. As músicas já disseram por si o que o Sisters of Mercy representa. Algumas versões foram menores que as originais? Sim, foram. Mas e daí? Quem esteve presente no Vivo Rio esta noite, com certeza não deve ter se importado muito com isso. Fica a torcida desde já para que não demore tanto assim para a próxima visita.
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