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Discos: Clemente & A Fantástica Banda Sem Nome (Antes Que Seja Tarde)

Foto: Divulgação
O incansável: Clemente estreia com A Fantástica Banda Sem Nome
CLEMENTE & A FANTÁSTICA BANDA SEM NOME
"Antes Que Seja Tarde"
Hearts Bleed Blue; 2016
Por Ricardo Cachorrão Flávio


O Incansável – assim poderíamos nos referir ao Sr. Clemente Tadeu Nascimento, aquele menino que lá em 1978 formou a banda Restos de Nada, tida como a primeira banda punk brasileira, tocou com o N.A.I. (Nós Acorrentados no Inferno), Condutores de Cadáver, é o eterno líder dos Inocentes, e há mais de 10 anos também está na icônica Plebe Rude. Sempre com algum outro projeto em andamento, ele é diretor do site Showlivre.com, apresentador do excelente programa Heavy Lero, no YouTube, com o companheiro Gastão Moreira, locutor da Kiss FM, de São Paulo, onde apresenta o programa semanal FDP (Filhos da Pátria), com uma hora dedicada ao rock nacional, parceiro de Sandra Coutinho, das Mercenárias, no Jack&Fancy, DJ nas melhores baladas rock... UFA! O cara não para!

E com tudo isso, ainda encontrou tempo para lançar seu primeiro álbum solo – 'Antes Que Seja Tarde', assinado por Clemente & A Fantástica Banda Sem Nome. Para acompanhá-lo nessa empreitada, Clemente chamou caras experientes, que são Joe Gomes (ex-Pitty) no baixo, Johnny Monster (Daniel Belleza e Corações em Fúria) na guitarra, e Rodrigo Cerqueira (ex-Skuba/Firebug) na bateria.

Como bem explicado no release divulgado no pré-lançamento, esse trabalho é a oportunidade de Clemente mostrar ao público seu ecletismo, em canções que fazem parte de seu mundo, porém, não caberiam no repertório dos Inocentes ou da Plebe Rude. É rock, mas com sonoridades bem distintas do urgente punk que o tornou conhecido. Baladas, blues, pop, experimentalismo, num trabalho mais introspectivo, sem perder a ‘raiva’.

“Antes Que Seja Tarde” apresenta um excelente trabalho instrumental, guitarras, baixo e bateria, todos muito bem gravados ao longo das 12 faixas do disco, mas, e é totalmente compreensível, pois se trata de um disco solo, a voz de Clemente tem um destaque sobre todo o resto. O cantor e compositor manda seu recado em excelentes faixas como “Imprescindível”, “Palavras Mortas”, “Sou Como o Sol”, “Quando os Anjos Caem” ou “Nada Mais”.

O disco é coeso, segue numa constante até a faixa 11, sem deslizes e, poderia deixar como destaques a semi-balada “Corações Solitários” e “As Verdades Doem”, que já apareceu no último álbum dos Inocentes (Sob Controle – 2014), aqui num arranjo mais lento, e tão bom quanto o original.

Para encerrar, a mais diferente e experimental de todas, “A Noite Passa Tão Devagar”, que eu jamais diria que é dele. Acho que as entrevistas que ele fez com Júpiter Maçã devem ter mexido um pouco com a cabeça do inocente plebeu! 

No geral, uma sonoridade diferente do que estamos acostumados quando se fala em Clemente Nascimento, mas, vale muito a pena conhecer esse outro lado do “traidor do movimento”, como alguns idiotas insistem em chamá-lo. O rock não pára!

Ao ouvir este álbum e as letras que Clemente escreve, lembro-me de uma passagem que ficou marcada: alguns anos atrás, eu estava em um show dos Inocentes, e o Tatola (João Carlos Godas – locutor da rádio 89 FM, vocalista das bandas Não Religião e Nem Liminha Ouviu, um projeto que faz covers de “lados B” de bandas de rock nacional dos anos 80), foi chamado para uma canja e falou “esse é um cara injustiçado! Se tivesse nascido na Inglaterra ou nos EUA, estaria rico... Aqui no Brasil, não dão o devido valor!”. O que é a mais pura verdade! Letras como “Pátria Amada”, “A Face de Deus”, “O Homem Negro”, “Tambores”, dentre tantas outras, não são para qualquer um.

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