Da proa à popa: uma viagem divina com o comandante Palmer
Carl Palmer continua mantendo vivo o legado de ELP |
Por Rosangela Comunale
Quem me conhece sabe. Não sou afeita às vertentes do rock chamado Progressivo, Art Rock ou algo que o valha. Porém, fui convidada a assistir ao Palmer´s ELP Legacy no Teatro Municipal de Niterói (RJ) nesta sexta feira. Logo, de cara, pensei que pudesse revezar momentos de empolgação mixados com marasmos viajantes devido ao fato de se tratar de um concerto meramente instrumental.
Enfim, resolvi conferir em nome de todo o respeito que os nomes de Emerson, Lake & Palmer evocam para a história do rock´n roll. O show logo começa com "Abaddon´s Bolero" e pensei que teria que resistir bravamente às “longas” duras duas horas de som. Logo depois, chegou "Karn Evil 9" e continuei blasé. Mas confesso que foi em "Tank" o momento do meu deslumbre.
A partir daí, com cenas de tanques de guerra ao fundo do palco, comecei, de verdade, a embarcar nessa viagem. Nela, o comandante Palmer, enérgico nas baquetas, revezava a bateria com o microfone soltando pequenas historinhas sobre as canções e apresentando-as. Aliás, que vigor. Acompanhado dos jovens Paul Bielatowicz (guitarra) e Simon Fitzpatrick (baixo), era ele que conduzia o timão (literalmente) dessa embarcação chamada ELP´s Legacy. Seu inglês britânico nem ao mesmo o fez sentir-se acanhado com a plateia quando agradeceu pelo fato de todos conseguirem estarem lá apesar de um dia tenso no país da greve de caminhoneiros e da falta de combustíveis.
Mas se faltava combustível lá fora do Municipal, Palmer e seus tripulantes bem sabiam que a nau não poderia parar e nem pararia. E, ele, de carteirinha, poderia afirmar isso depois de perder dois grandes companheiros de banda no mesmo ano de 2016. Ao som de "Knife-Edge", "Trilogy", "Canario", "21st Century Schizoid Man" e "Hoedown", seguimos caminho rumo à canção que arrebatou a plateia, principalmente aos fãs ardorosos das primeiras fileiras: "Lucky Man".
E aí, me dou conta de que mais de uma hora se passou e nem fiquei enjoada da viagem, gente! Pelo contrário, "Tarkus" veio para atestar que eu estava realmente curtindo.
Pouco antes do verdadeiro enlace amoroso quando Palmer mais parecia estar nas preliminares com cada parte de sua bateria Pearl, ele decreta: “Se vocês aplaudirem bem forte ao final disso, tocarei mais uma canção para vocês”. E missão dada é missão cumprida para o comandante. Em "Nutrocker" ele lembra seus saudosos parceiros de banda e no telão imagens antigas de diferentes momentos da carreira emblemática que teve ao lado de Emerson e Lake. E aí começávamos a avistar a terra. Viagem terminada. Um show que ficará na memória de quem viu. Uma lenda que resiste ao tempo da proa à popa e às trapaças da vida. Palmer, no show, mostrou que, como diz o título do show, Emerson e Lake “continuam vivos” através da música.
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Amante das artes, principalmente, da Música. Formada em Piano Clássico.
Militante da causa animal.
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