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Lapidada, renovada e alto astral: Pitty lota Fundição Progresso para apresentar nova fase

Pitty mostra novo formato de seu show no Rio [Foto: Adriana Vieira]
Por Bruno Eduardo

A nova turnê de Pitty, que chegou ao Rio de Janeiro neste fim de semana, não é marcada por um repertório cheio de ineditismos. Muito pelo contrário. O show que leva uma multidão à Fundição Progresso (sold out), remete aos primórdios da cantora e mexe com suas lembranças mais antigas. Tem sim, uma inclusão sonora aqui e acolá, como as duas novas "Te Conecta" e "Contramão" - que inclusive contam com parcerias muito bem sucedidas no contexto de renovação (Emmily Barreto e Tássia Reis) - mas é uma apresentação curricular - no bom sentido.

A verdade, é que neste show a baiana diz muito mais sobre a sua trajetória artística e pessoal do que sugere caminhos a serem explorados musicalmente (como foi há uma década, no excelente Chiaroscuro). Só que isso também é ótimo, já que estamos falando da maior artista de rock mainstream nacional dos últimos quinze anos. E que devido a um generoso repertório de sucessos, ela te convence logo nos primeiros minutos de palco que a noite será de diversão garantida. Principalmente quando enfileira de cara, três de seus maiores hits ("Admirável Chip Novo", "Anacrônico" e "Setevidas"), colocando a casa abaixo. 

Mas embora seja um show de repertório mais revisitado do que incrementado, essa não é uma noite protocolar. É noite para  sentar no banquinho e levar alguns sons, exatamente da mesma maneira que fazia em seu quarto, quando ainda arranhava suas primeiras ideias no violão. "Não acredito que estou fazendo isso aqui! Lembro de quando me trancava no quarto e meu irmão queria entrar para saber o que era", disse ela antes de uma versão acústica de "Teto de Vidro". 
Pitty em ação no show que lotou a Fundição Progresso [Foto: Adriana Vieira]
No entanto, a maior evidência desta volta ao palco, é que Pitty parece estar em fase de romance com o seu presente - de mulher/mãe, artista madura e orgulhosa com o que vem enxergando em seu próprio reflexo. Ela está em alto astral e faz todo mundo cantar da mesma maneira. A cantora revisita antigas pinturas ("I Wanna Be") e segue criando novas imagens a serem guardadas em sua memória, como por exemplo, a de uma Fundição Progresso abarrotada levando à capella, um de seus refrões mais conhecidos em "Me Adora". E lógico, emocionou-se: "Sem demagogia, esse momento é um dos mais bonitos que eu vivi na carreira!".

Não há o que discutir! É uma Pitty realizada e renovada - que agradece o tempo inteiro e fala de amor como antídoto para o mundo. Conta da emoção em ser mãe pela primeira vez e parece estrar mais à vontade no palco com seu marido, o baterista Daniel Weksler (NXZero) - que traz algumas particularidades e dá um importante upgrade no som da banda. Há algumas homenagens também. A mais abrangente é pra Elza Soares, com que dividiu "Na Pele". Outra bem interessante é para Nina Simone em "Feeling Good", com outra - e mais preeminente - participação de Emmily e Tássia, que rende um duelo vocal (no bom sentido) de pagar o valor do ingresso. Ainda rolou uma "invasão" da galera do Far From Alaska no palco em "Máscara".

Fechando a noite, a melhor canção rock-romântica escrita na década passada ("Equalize"), a inesperada "Pulsos" - lançada lá atrás no álbum ao vivo, Desconcerto - e a já eleita música oficial de encerramento, "Serpente". É em suma um show imperdível para quem quer se divertir. E a diversão começa em cima do palco, com a própria Pitty, que retorna devidamente lapidada ao lugar que ainda a faz feliz.

Na abertura, Far From Alaska mostrou novo formato em mais um bom show no Rio
A voz poderosa de Emmily foi destaque nos dois shows [Foto: Adriana Vieira]
O Far From Alaska acaba de chegar de uma mini-turnê na Europa, e segue divulgando o ótimo Unlikely, lançado no ano passado. Este é o primeiro show da banda no Rio com o novo formato, que não conta mais com um baixista efetivo - já que Edu Filgueira deixou o grupo no início deste ano. Nesse caso, há canções sem baixo, como "Cobra", por exemplo, e nas demais, as dupla Emmily / Cris Botarelli se revezam entre baixo, programações e vocal. Não deu para ter uma noção exata se houve algum tipo de perda no formato, já que o som da casa não estava dos melhores (principalmente no início do show). De todo modo, a banda é muito boa de palco e segura as pontas na qualidade de seu repertório e no vocal de Emmily, que salva qualquer som ruim com seus drives vocais. Além de músicas do seu novo disco, o Far From Alaska surpreendeu numa versão muito boa de Bob Marley em "Iron Lion Zion" e na força de canções poderosas como "Dino Vs. Dino", que integra o disco de estreia deles, Mode Human

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