Revigorado após Grammy, The Baggios mostra erupção de influências em "Vulcão"
Após ser indicado ao Grammy latino, The Baggios volta com novo disco de inéditas |
Quando pedem indicações de bandas brasileiras da atualidade que merecem destaque, o The Baggios é nome fácil nesse filtro. Os caras expandiram sua arte de forma impressionante em Brutown, disco obrigatório numa lista de melhores lançamentos da década, e que inclusive, foi indicado ao último Grammy latino.
Após um disco tão impecável, a banda não quis sentar na vantagem, e decidiu levantar acampamento para ir em busca de novos ares. Vulcão, quarto álbum de inéditas dos sergipanos, é o que você pode chamar de uma erupção de referências. O pandeiro que samba no início de "Caldeirão das Bruxas" é apenas um sinal do derramamento sonoro que o Baggios representa neste cenário atual.
No trabalho anterior, a expansão criativa da banda veio acompanhada do teclado quase progressivo de Rafael Ramos, que deu cama ao rock setentista lapidado por Julio e Gabriel. Dessa vez, quem abre o ponto de fuga da banda é a percussão. Mais da metade do álbum conta com o trabalho de Rodrigo "Pacato" Silva, que ajuda na expansão da proposta, e, aproxima o Baggios a outros sopros de musicalidade, como por exemplo, à latinidade do mestre Carlos Santana em "Deserto" - com a participação especial do Bayana System.
Outra que segue essa linha percussiva - e desponta no álbum - é "Limaia" - com adicional generoso de metais. Já "Fera" e a introspectiva "Bem-Te-Vi" (que conta com o vocal de Céu), são as maiores provas da tentativa do Baggios em seguir em frente. O fato, é que Vulcão não transpira como Brutown. Ele inspira e é inspirado por novas sensações.
Sendo assim, é bom avisar logo: o rock setentista, baseado nos riffs quentes que permearam a carreira do The Baggios, ficou lá atrás e aparece raramente aqui em Vulcão (talvez na faixa-título do disco ou na ótima "Louva-a-Deus"). De resto, a banda seguiu confiante no seu instinto e escreveu novas páginas do que seria o retrato das experiências que viveram na última turnê.
Violões benjorianos e vocais particulares de Julio Andrade dão o tom numa das melhores do disco: "Espada de São Jorge". E para aumentar ainda mais a lista de novas inclusões, há também o amparo de violinos em "Si Menor" (para criação de um momento mais melancólico) e mudança de ritmo interessante na ótima, "Samsara" - que traz o melhor interlúdio melódico do álbum. E o que dizer de "Fera"? Canção grandiosa (em todos sentidos) e que ressalta o movimento orquestral do Baggios em relação ao seu passado mais recente.
Em Vulcão, o The Baggios percorre o interior de sua alma para expôr todos os seus contatos com a musicalidade e suas novas perspectivas. Por isso há brasilidade, simplicidade, virtuose, introspecção e esperança nas canções. Com tantas rotações ao redor de suas influências e tentativas de novos pulos, a melhor coisa deste álbum é saber que eles continuam empastados de maneira fixa no que de melhor você ainda pode encontrar no rock nacional da atualidade.
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