Johnny Monster mostra rock introspectivo em 'Canções do Desapego'
Johnny Monster traz rock particular em novo trabalho [Foto: Andre Marothy] |
Por Ricardo Cachorrão
Flávio
Johnny Monster é um cara inquieto, talentoso, que ataca em várias
frentes e está com álbum novo na praça, “Canções de Desapego”, em que ele
desnuda sua alma, e mostra, com toque absolutamente pessoal, a qualidade que já
esteve a serviço de bandas como os RIP Monsters, Daniel Belleza & Os
Corações em Fúria, A Fantástica Banda Sem Nome, que acompanha o trabalho solo de
Clemente Nascimento, dos Inocentes, além de projetos como o ótimo O Maluco Sou
Eu, com versões em violões e violoncelo para clássicos e Lados B do repertório
de Raul Seixas, com Ronaldo Passos (Inocentes) e Júlio Pelloso (Geração
Suburbana / Trio Titanium), ou o excelente duo Monders, que costuma animar a
noite paulistana.
Produzido pelo Michel Kuaker, o disco vem sendo divulgado através
das plataformas digitais desde outubro do ano passado, quando soltaram o
primeiro single, que abre o álbum, a bela “Folhas de Outono”, meio que um
desabafo contra a mesmice e um grito de esperança, pois se não consigo, não
desisto de sonhar e tentar.
O trabalho continua com “Inevitável”, o segundo single divulgado
ainda ano passado, faixa dançante, com um excelente trabalho instrumental e que
segue a linha desabafo – esperança da faixa de abertura, se perder é
inevitável, o importante é resistir! Cabe muito bem na atual situação política
do país.
“Entrelaços” é a próxima faixa, tem participação especial de
Edgard Scandurra, do Ira!, na guitarra e trata-se de uma canção de amor,
simples assim, quando Johnny faz uma bela declaração de amor e de planos para
um futuro com sua Anne. Está muito certo ele de não esperar nada de ninguém,
basta acreditar em si mesmo e em quem ama, que tudo fica mais fácil.
A sequencia do álbum é com “Venha o que Vier”, outra que já havia
sido lançada como single, em janeiro deste ano, e, como todos os outros, foi
bem recebido pelo público.
O disco se mostra bem linear, sem altos e baixos, tudo segue um
padrão, guitarras, baixo e bateria sempre bem colocados, num clima rock and
roll, porém, introspectivo, um tanto balada, com um violoncelo aqui e ali, bons
backing vocals femininos e a voz de Johnny, de excelente timbre e alcance, como
grande destaque, em letras autobiográficas, de um cara talentoso, mas, normal,
que vive a vida, com erros e acertos, desilusões e esperanças. E fácil se
identificar com ele.
Um punhado de boas canções se seguem, com “Mais Uma Chance”, “O
Que Será” e “Embriagado”, daquelas que ao ouvir, logo se está batendo o pé e
cantarolando o refrão.
“Corações Solitários” é uma velha conhecida, parceria de Johnny
Monster com Clemente Nascimento, estava no primeiro disco solo do velho
inocente, “Antes Que Seja Tarde”, lançado em 2016. Aqui, me parece mais rasgada,
visceral, tem uma pegada mais nervosa.
A próxima é a faixa título, “Canções do Desapego”, onde os
contrastes de passado e presente se mostram, de olho num futuro, que, ainda que
incerto, é cheio de esperança de algo melhor.
Finalizando com o sugestivo nome “Bye Bye”, Johnny Monster mostra
um trabalho maduro, bem acabado, feito com esmero, no capricho, acompanhado de
uma excelente banda, que conta com Edu Nader na bateria, André Marothy, que
além de backing vocals assina a co-produção, Michel Kuaker, produtor e baixista,
Antonio Frugiuelle nas guitarras, Júlio Pelloso no violoncelo, Mario Camelo,
synths, Letícia Bello e Cintia Tchy nos vocais de apoio.
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