Curto, intenso e psicótico - assim foi o show do Muse no Rio
Foto: Vinicius Pereira
Por Bruno Eduardo
Matt Bellamy é um jovem tímido, boa pinta e muito talentoso. No entanto, ele parece querer convencer as pessoas de que o mundo vive em uma espécie de teatro da loucura - levado por ideias doentias e tecnologia em fúria. Para ele, o mundo está dominado por drones, que utilizam drones para transformar todos em drones. Pelo menos é isso que ele apresenta no novo disco do Muse, que vem cheio dessas viagens conspiratórias, mas recheado de ótimas canções. Mesmo que sua teoria seja obra de uma mente fantasiosa, os fãs embarcam na onda, e o Muse se utiliza desse roteiro com muita desenvoltura para fazer de um simples show de rock, uma genial obra de insanidade coletiva.
Dois anos depois da épica apresentação no Rock in Rio, o grupo retornou ao Rio de Janeiro para um número mais intimista. Em um show curto, porém intenso, a banda entorpeceu os fãs com sua proposta psicótica, baseada em luzes sensacionais, imagens subliminares e som musculoso. Conforme adiantamos aqui, o repertório foi quase o mesmo apresentado nos últimos shows, com a inclusão apenas de "Muscle Museum" - do ótimo disco de estreia do grupo - no lugar de "Citizen Erased".
Foto: Vinicius Pereira
Já no início, o que chama a atenção não é o riff hipnótico de "Psycho", e sim, a reação do público - que se concentra em um personagem no telão, respondendo o mesmo com um sonoro "Aye, Sir!". Parece paranoia, mas é sensacional. E isso continua por toda a canção, causando uma espécie de interatividade rara entre público-telão (algo não visto desde U2). Em seguida, mais uma do disco novo ("Reapers"), e a já batida - porém indispensável - "Plug in Baby". Do novo disco, Drones, também ganham destaque na noite: "Dead Inside", e seu solo cheio de pinceladas à la Brian May; e "Mercy", que foi pedida pelo público em forma de pequenos cartazes. Outra música que ganha destaque ao vivo é "Madness", que pode ser considerada o hino perfeito para definir o show insano do grupo.
A apresentação do Muse é coesa e repleta de momentos altos. A banda é muito boa tecnicamente, e se sobressai na habilidade de Bellamy com sua guitarra (cheia de furinhos) em músicas como "Hysteria", ou no superhit "Supermassive Black Hole" - que incluem citações a Jimi Hendrix. Outro que também se destaca bastante durante o show é Christopher Wolstenholme, que vira e mexe, vai lá na frente, distribui palhetas, gaita e mantém pegada sempre firme.
Foto: Vinicius Pereira
Antes do bis, "Uprising" encheu o HSBC Arena de balões pretos, que ao serem estourados, faziam voar papéis picados. Mas nada comparado ao show de confetes e serpentinas em "Mercy", rendendo imagens apoteóticas. Fechando a noite, a já esperada "Knights of Cydonia", com suas passagens épicas e progressivas, com direito a solos cantados pelos fãs.
O público, que não lotou a casa, pelo menos fez presença, cantando todas as músicas e fazendo coral para o grupo. Mesmo conhecendo a fama do Muse, que não costuma modificar o roteiro de suas apresentações, faltou um pedido de bis - nem que fosse para testar a banda (ficando desde já, uma sugestão ao público de São Paulo) - pois um show dessa grandiosidade não pode passar sem a dignificação do clássico "mais um". Não mesmo.
Na abertura, Kita faz show de gente grande
Quem abriu a noite foi a banda carioca Kita. Após uma destacada participação no programa Superstar, da TV Globo, o grupo segue rodando o país divulgando o seu ótimo roteiro de rock alternativo com sotaque gringo. Liderados pela voz marcante de Sabrina Sanm, o grupo conseguiu entreter o público com uma apresentação destacada. Embora o som dos PA's estivesse com volume inferior - principalmente a voz e o baixo -, eles não se intimidaram e cumpriram bem a oportunidade de meia hora que tiveram. Destaque para o som cheio de inclusões rock anos 00' e sugestões bem tramadas. Músicas como "You", que vem sendo veiculada em rádios, foi reconhecida pelo público, e cantada por alguns mais antenados. Essa é a segunda vez que o grupo abre para uma atração internacional de grande porte. A primeira vez foi no show do Paramore, onde também fizeram bonito. Vale ficar de olho nessa galera!
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