Em São Paulo, Muse mostra sua força como banda de estádio!
Foto: MRossi
Por Lucas Scaliza
O Muse não precisa provar que é uma banda de estádio, como alguns veículos de comunicação questionaram nos últimos dias. O show da Drones World Tour no Allianz Parque em São Paulo mostrou uma banda segura, intensa e capaz de entreter uma grande arena com músicas de seus sete discos de estúdio.
O início do show foi marcado pelas pesadas “Psycho” e “Reapers”, seguidas pela clássica “Plug In Baby” e seu refrão que fez todo mundo pular e cantar junto. Na arrastada “The Handler”, uma das mais pesadas do álbum Drones, Matt se aproximou da plateia usando a passarela.
Por falar nisso, Matt, Dom e Chris se comunicaram muito pouco com a plateia por meio das palavras, mas seus instrumentos falaram por si. O momento de melhor diálogo entre público e Matt se deu antes de “Plug In Baby”, quando o guitarrista começou a fazer curtas frases na guitarra que eram respondidas pelos fãs, aumentando de intensidade até chegar ao característico riff inicial da canção, que foi cantado nota por nota pelos presentes.
A galera presente no Allianz recebeu muito bem o show desta nova turnê, e fez bastante barulho - seja cantando riffs de guitarra das músicas mais conhecidas ou fazendo verdadeiros corais em músicas mais leves, como foi possível ver em “Madness” e “Starlight”, mas também em “Dead Inside” e “Mercy”. Já “Supermassive Black Hole”, “Time Is Running Out” e a épica “Knights Of Cydonia”, três das preferidas e das mais conhecidas dos fãs, conseguiram o resultado de sempre: soar ótimas ao vivo e fazer pular até quem não é tão fã do grupo.
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O Muse fez poucas, mas significativas mudanças no setlist. “Apocalypse Please” foi substituída por “Resistance”, recebida com grande aprovação do público e que ajudou Wolstenholme com os backing vocals para os versos “It could be wrong, it could be wrong”. No Rio de Janeiro, a banda atendeu ao pedido que fãs vinham fazendo por redes sociais e substitui a climática “Citizen Erased” pela melodiosa “Muscle Museum”, que há muito tempo não entrava no repertório da banda. Em São Paulo, eles tocaram as duas, mas deixaram de fora a excelente “Hysteria”, que vinha sendo tocada em todos os shows da turnê.
A banda vem se apresentando com uma produção de palco bem mais limpa na Drones World Tour. Um telão ao fundo exibe animações que acompanham cada uma das faixas, criando a ambientação perfeita, principalmente para as músicas de Drones, que abusam de uma estética mais sombria e cheia de contrastes de preto e branco. Os únicos artifícios utilizados foram a liberação de balões negros em cima da plateia ao fim de “Uprising” e chuva de serpentina e papel picado em “Mercy”.
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As instrumentais “Unsustainable” e “Munich Jam” (baixo e bateria) quase colocaram o Allianz no chão, com um poderio de fogo para que ninguém duvide que trata-se de uma banda com uma indiscutível veia rock’n’roll bastante modernosa.
Mesmo sem estádio completamente lotado, o Muse provou que é uma banda que sabe entreter seu público e fazer um show de respeito, embora engessado no formato que vem sendo reproduzido desde o início da turnê. Claro que poderia ter sido um show mais longo, mas uma hora e meia de apresentação representou bem a discografia do grupo e a força do trabalho mais recente dos ingleses. Se não fosse no mesmo dia do Enem – ou o alto preço do ingresso em tempos de crise – poderia ter sido um espetáculo ainda mais expressivo.
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Prova do Enem impediu maior lotação
Alguns fatores atrapalharam uma maior lotação no show. Para começar, os ingressos estavam bem caros, o que levou até mesmo o fã clube da banda se manifestar a respeito. Para completar, a primeira prova do Enem 2015 foi marcada para o mesmo dia do show. Com isso, as filas para ver o Muse ao redor do Allianz Parque durante a tarde, estavam minguadas. Quando os portões foram abertos às 16h, tinha mais gente na pista premium do que na pista comum. Após as 18h, mais pessoas começaram a chegar em um fluxo lento e constante, sinal de quem deixou para chegar ao local após o exame. Fato que shows desse porte recebem muitas pessoas do interior e de outros estados, mas a obrigação do Enem tornou a viagem impossível nessa data. O estádio não estava vazio (longe disso), mas foi impedido de ter maior público por causa das provas.
Maglore recebe apoio do público
A banda Maglore ficou incumbida de abrir o show no Allianz. Anunciada apenas alguns dias antes da apresentação, não sobrou muito tempo para que os fãs do Muse conhecessem melhor o grupo. Mesmo assim, fizeram um setlist curto e que levou uma mistura de MPB, rock alternativo e laivos de viagem psicodélica ao palco. Tocaram apenas músicas próprias e todas cantadas em português. É comum bandas de abertura experimentarem a indiferença ou mesmo a hostilidade do público de grandes bandas internacionais, ainda mais quando não são conhecidas da galera, mas o Maglore agradou tanto que conforme novas músicas iam sendo apresentadas pela primeira vez à maioria dos presentes, a reação da galera ia se intensificando. As pessoas aplaudiam, gritavam e incentivavam o trio baiano formado por Teago Oliveira (voz e guitarra), Rodrigo Damati (baixo) e Felipe Dieder (bateria). Eles poderiam passar mais meia hora tocando que ninguém teria reclamado. Oliveira agradeceu o público e ao Muse por ter escolhido pessoalmente o Maglore para abrir aquela apresentação. No final do set mandaram “Mantra”, música mais conhecida e acessível da banda, cujos “Laralararás” foram cantados espontaneamente pelo público. Aí está uma banda para ficarmos de olho.
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