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Muse: Do Pior ao Melhor

Imagem Ilustrativa
A discografia do Muse avaliada na série "Do Pior Ao Melhor"
Por Lucas Scaliza

Em sua nova turnê mundial, que passará pelo Brasil este mês, a banda inglesa Muse está promovendo o novo álbum, Drones [saiba tudo sobre os shows AQUI]. Uma turnê gigantesca para uma das bandas que mais proeminência ganhou nos últimos anos. O repertório dos shows é bastante calcado no novo disco, mas abre espaço para músicas de toda a discografia da banda, que já conta com sete álbuns de estúdio. Mas qual seria o melhor disco da banda até agora? Qual seria o pior? Quais elementos e características serviriam para elencar cada um deles em ordem de importância para a banda e para os fãs? Abaixo, fizemos um ranking Muse: Do Pior ao Melhor - avaliando a discografia dessa que é uma das bandas mais originais do rock alternativo. 

Concordou com a lista? Discordou da ordem dos discos? Então deixe também as suas sugestões nos comentários e concorra a um super kit da banda - com blusa, caneca e um CD "Drones".

 7 'The Resistance' (2009) 
Após o sucesso de Black Holes And Revelations - que concretizou a fama da banda no hemisfério norte do planeta -, esperava-se um disco poderoso, que congregasse o melhor do grupo. The Resistance até que tem seus méritos, mas ficou muito aquém da expectativa. O disco é bem mais leve do que os três anteriores, com pouquíssimas surpresas e raros momentos de empolgação. “Uprising” e “United States of Eurasia” com certeza são ótimos momentos que mostram o espectro de influências da banda, indo de Queen ao metal de arena, mas é muito irregular enquanto álbum completo, sofrendo com a obrigação de possuir baladas e músicas mais pop e acessíveis. Matt Bellamy criou uma expectativa absurda quando disse que estava compondo para orquestra pela primeira vez e que isso seria usado em uma parte épica do álbum. Quando The Resistance finalmente foi lançado e ouvimos a trilogia “Exogenesis”, a tal composição para orquestra não passava de algumas linhas harmônicas e melódicas executadas com bastante simplicidade, sem as camadas sonoras que composições realmente para orquestra geralmente criam. A presença da orquestra poderia ser imponente no discurso, mas fez pouquíssima diferença na música do grupo.


 6 'Showbiz' (1999) 
Um baita primeiro disco do Muse, mostrando uma banda que já pensava grande, que tinha boa mão para o rock’n’roll e características próprias. Antes de todas as letras sobre dominação global, revolução e teorias da conspiração, Showbiz apresentava temas mais próximos do público jovem - que só foi aumentando. Embora já apresentasse composições bastante redondinhas, a pegada mais roqueira apresentada com “Muscle Museum” ficou um pouco apagada no restante do álbum. Faixas como “Uno”, “Cave”, “Unintended” e “Sunburn” são o destaque, deixando pouco espaço – e real interesse – para o restante. É um excelente disco para uma estreia, mas o que se seguiu o fez parecer um debut apenas OK, no geral, com vários bons momentos.


 5 'The 2nd Law' (2012) 
Três anos após The Resistance, que não foi tão rock’n’roll e nem tão inventivo quanto se esperava, era chegada a hora de o Muse mostrar as garras. Novamente, não foi o que aconteceu. “Supremacy” com certeza foi uma introdução épica e que, graças ao punch da guitarra de sete cordas, parecia indicar um álbum altamente promissor, mas a agressividade do disco acabou redundando nesta primeira-faixa. “Madness” é simples e bonita, se beneficiando da dinâmica, que manipula as emoções do ouvinte. “Panic Station” é a veia funk da banda vindo à tona para criar um dos momentos mais divertidos da discografia. E “Survival”, com seu crescendo sem fim, foi o segundo momento de força bruta do disco. Outras faixas, como “Explorers”, “Big Freeze”, “Save Me” e “Animals” ficam a meio caminho da balada e do rock. São boas e compõem um conjunto muito coeso, mas nada que a banda já não tenha feito antes.


 4 'Drones' (2015) 
Após dois discos seguidos não entregando a força roqueira que se esperava, a banda volta a apostar na agressividade e Drones marca o retorno da sonoridade mais guitarreira, que não aparecia com tanto ímpeto desde Black Holes and Revelations. O eletro-rock dos ingleses marca presença (“Dead Inside”), assim como uma levada mais blues-rock (“Psycho”) e uma pegada extremamente forte e agressiva (“Reapers” e “The Handler”), sem abrir mão das músicas que flertam com o pop (“Revolt” e “Defectot”), da música pensada milimetricamente para rádio (“Mercy”) e uma balada bem ao estilo de BH&R (“The Aftermath”). Na épica “The Globalist” eles quase cometem o mesmo erro de “Exogenese”, mas a longa passagem instrumental composta por riffs musculosos de Matt e do baixista Christopher Wolstenholme criam uma das melhores passagens de Drones.

 3 'Origin Of Symmetry' (2001) 
O segundo disco da banda foi aquele que os colocou de vez no mapa, ainda que isso não quisesse dizer que tivessem se tornado amplamente conhecidos. Digamos que Origino Of Symmetry tem rock do começo ao fim, baixos distorcidos a todo momento, um eletro-rock melhor desenvolvido do que em Showbiz e muito mais confiança no que faziam, o que é perceptível pela carga elétrica em músicas como “Plug In Baby”, “Citizen Erased”, “New Born”, “Bliss” e até em “Feeling Good” - cover da famosa música gravada por Nina Simone. Mas não podemos esquecer de como “Micro Cuts”, “Screenager”, “Dark Shines” e “Futurism” também são faixas exemplares entre os lados B do trabalho, propondo uma sonoridade densa e que até a própria banda parece ter esquecido na gaveta em todos os lançamentos mais recentes. Não por acaso, foi com Origin of Symmetry  que começaram as comparações do Muse com o Radiohead. De fato, há algo de The Bends (1995) no álbum, como se fosse uma versão mais pesada e mais cheias de teclados. As comparações continuaram, mas há pouca coisa que as sustente para além deste álbum. Embora o Muse tenha lançado mão de uma variedade de estilos diferentes para compor os álbuns seguintes (indo do flamenco ao metal, da música erudita ao funk), Origin of Symmetry é o mais experimental dentro de um mesmo estilo sonoro. Sobretudo por isso é um dos mais bem avaliados discos da carreira dos ingleses.


 2 'Black Holes And Revelations' (2006) 
O disco que consolidou de vez o Muse em diversos mercados fora da Europa e, sobretudo, entre o importante (vasto e consumidor) público dos Estados Unidos. Os temas são políticos e diversas faixas são épicas. É um trabalho muito equilibrado que possui o eletro-rock mais descaradamente pop já feita pelo grupo (“Supermassive Black Hole”), a balada mais famosa (“Starlight”, com sua linha de bateria que em código Morse significa “peitos”) e talvez a faixa mais imortal do repertório ao vivo do grupo até agora (“Knights of Cydonia”). Um disco bem dosado entre baladas e rock que não deixa o nível de excitação cair. “Take a Bow”, a introdução, contém uma mensagem política digna de manifestações e protestos ao mesmo tempo em que coloca o rock do Muse no espaço. A supereletro “Map of the Problematique” é uma canção de amor disfarçada de crítica à sociedade. “Invincible” é a faixa que inaugurou uma fórmula de compor músicas bonitas que a banda repetiria em todos os discos seguintes. “Assassin”, “Exo-Politics” e “City of Delusion” formam uma tríade de lados B eficientes e que atestam a maturação da sonoridade iniciada em Origin of Symmetry.


 1 'Absolution' (2003) 
Absolution é o álbum preferido de muitos fãs e até de quem não é mais tão fã assim. O tipo de trabalho em que até o que não é perfeito cai bem e vira um motivo de destaque do restante da produção roqueira de sua época, coisa que aconteceu bastante com o Black Sabbath ao longo dos anos 70, sobretudo com Master of Reality. “Apocalypse Please” já apresenta o clima pesado e todos os elementos que criaram a sonoridade do Muse: os grandes pianos, os sintetizadores subindo e descendo escalas, o baixo distorcido e o vocal alto e emocional de Matt. Em seguida, faixas que mostram como a banda combina bem rock intenso com pop: “Time Is Running Out” e a balada “Sing For Absolution”. Há ainda duas das faixas mais nervosas da banda, “Hysteria” e “Stockholm Syndrome” que foram encontrar uma nova equivalente apenas 11 anos depois, com “Reapers” de Drones. Sem falar em “Butterflies and Hurricanes” e “Endlessly”, que parecem encontrar a pulsação do corpo e fazer com que você não queira mais se livrar da tensão de ambas. O disco tem um repertório tão bom e variado que dele saíram nada mais do que seis singles. Diversos maneirismos estilísticos que Matt exibe até hoje – o que inclui técnicas e timbres de guitarra – tiveram origem em Absolution. Funcionaram tão bem que ele nunca mais abandonou a distorção grave (combinada com a distorção de baixo) e filtrada por um pedal para que seu overdrive soe sempre moderno (e não vintage), bends e trêmolos que se ajustam a sua interpretação vocal. Na turnê de Drones, o Muse tem mantido uma média de 18 canções por show. Quatro delas são do novo álbum e o restante de toda a discografia (com a notável exceção de faixas de Showbiz). Absolution comparece com “Hysteria”, “Stockholm Syndrome”, “Apocalypse Please”, a obrigatória “Time Is Running Out” e até com a curtinha “Interlude”. Isso demonstra a importância e a preferência das canções desse álbum pelos fãs e a importância dele para a banda. Absolution foi lançado antes de o Muse ganhar os EUA e o mundo e excursionar por estádios, o que indica que lá se vão 11 anos de permanência entre o material mais promissor e marcante que a banda produziu. Por isso, merece o primeiro lugar.

2 comentários:

  1. Meu top 7 seria:

    1. Black Holes and Revelations
    2. Absolution
    3. Origin of Symmetry
    4. Showbiz
    5. Drones
    6. The 2nd Law
    7. The Resistance

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  2. Apesar de considerar subestimado The 2nd Law - elevaria ao top 3 por conta dos arranjos bem elaborados e pela maturidade musical como um todo - gostei demais das críticas. Parabéns pela análise, Bruno! Conseguiu definir e ao mesmo justificar a posição de cada álbum. Muse é bom pra caramba e não defendo por ser uma simples fã - quem curte música e entende um mínimo sabe que o trio (sobretudo o Sr. Bellamy) imprime qualidade em cada som que produz, mesmo nas baladinhas mais pop. Nem tudo é excepcional, Drones mesmo se resume em 04 boas composições, mas os caras são músicos ao pé da letra e ponto final!

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