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Simplesmente David Byrne! Ex-Talking Heads brilha em noite performática no Rio de Janeiro

David Byrne em sua apresentação no Rio de Janeiro [Foto: Rom Jom]
Por Rom Jom

Quem procurava somente música no show do David Byrne na última quarta feira no Rio de Janeiro não só encontrou como se surpreendeu e viu algo além: um verdadeiro show de arte. Ainda que muitos soubessem como seria a apresentação após o show do Lollapaloza (relembre AQUI), a curiosidade era grande e o show seria completo - não só, algo enxuto como foi no Festival.

O show é totalmente teatral, performático e coreografado – mais do que se imagina – a banda composta de 11 excelentes músicos, sendo eles 2 brasileiros – os percussionistas Davi Vieira e Mauro Refosco – todos estão elegantemente vestidos com um terno cinza, assim como o Byrne, e  com os instrumentos presos aos seus corpos que os deixam livres para serem orquestrados pelo mestre Byrne em suas canções ora dançante, ora psicodélica e outras totalmente cheias de grooves. Mas um detalhe: a cidade do Rio de Janeiro é a capital do carnaval de rua, e sim, este formato de banda lembra muito os nossos tradicionais blocos carnavalescos, porém, seria ínfimo demais fazer uma comparação dessas após a tudo que se viu neste palco.

Sentado em uma mesa com um cérebro em suas mãos “Here” introduz o grande espetáculo ao pequeno público presente (estimou se 3 mil pessoas de acordo com a produção), porém, ávido para ver o cantor. A noite apenas começava e a dançante “Lazy” deu uma outra conotação, e ritmo, ao show fazendo os presentes se mexerem a levada dançante que a mesma tem, e talvez para não perder o ritmo, “I Zimbra” do Talking Heads, assina o que é realmente a proposta da noite: a mistura de todos os ritmos e atmosferas. Atmosferas essas que fazem “I Should Watch TV” uma psicodelia ótima com um jogo de luz nas cortinas que envolvem o palco e “Bullet” parecer ser cantada em cima de uma montanha por Byrne que segura uma única luz em mãos com a banda ao seu redor andando e tocando, música esta que faz parte do seu último trabalho – e excelente - American Utopia, que quase foi tocado na integra. "Everybody's Coming to My House", que foi o primeiro single do álbum, é animadíssima enquanto “Every Day is a Miracle” soa quase melancólica mesmo com toda a parte teatral da banda. “Boa noite” ele diz em português em seguida “Eu não sei o que dizer... bom... vamos tocar. A melhor forma de dizer alguma coisa” sim Senhor! A Melhor! Byrne estava em casa.
David Byrne e sua excelente e performática banda [Foto: Rom Jom]
O show ainda contou com mais músicas de trabalhos solos antigos como a linda “Like Humans Do” do disco Look into the Eyeball (2001) e do Talking Heads como “Slippery People” com seus lindos vocais, a majestosa “Once in a Lifetime” com um arranjo único com essa formação, "Born Under Punches (The Heat Goes On)" que possui um groove lindo de baixo em sua introdução e uma coreografia difícil de esquecer, “Blind” que também possui um groove de grudar no ouvido e a meteórica “Burning Down the House” que tirou um coro dos presentes e que fechou a primeira parte do show.

Com dois BIS a primeira volta o público dançou com "Dancing Together" e "The Great Curve", também, do Talking Heads. E após o fim retorna ao palco novamente, e somente com percussões e bumbos em mãos, entoa Hell You Talmbout de Janelle Monáe e homenageia brasileiros que foram vitimados pela violência como Amarildo e Marielle Franco com um coro “diga o nome dele” em português e outros negros mortos pela polícia americana, no qual, a música foi originalmente escrita.

Um show sem grandes produções e artifícios pirotécnicos. Simplesmente um show. Simplesmente arte. Simplesmente David Byrne.

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