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Álbum novo do The Who pode ser o fechamento com chave de ouro da banda

The Who solta seu novo álbum de inéditas, "WHO"
Por  Ricardo Alfredo Flávio 

Desde 2006 sem lançar um álbum de inéditas, quando tivemos o muito bom (e tão pouco falado) Endless Wire, o THE WHO passou esse tempo na estrada, em pequenas turnês pela Europa e Estados Unidos, shows especiais como a turnê Quadrophenia e MUITOS lançamentos de discos e vídeos ao vivo, de turnês recentes ou resgates de shows da década de 70. Coisa que todo fã adora, e garante que o bolso dos senhores da banda permaneça sempre bem cheio.

De lá pra cá também, em março de 2017, o Brasil teve a honra de receber pela primeira vez a banda, que tocou no Rock in Rio, esticou até o São Paulo Trip e ainda deu uma chegada em Porto Alegre, onde a banda fez um dos seus melhores shows, segundo os próprios integrantes.

Faltava um gás novo e ele chegou em 2019, o excelente álbum WHO, acaba de ser lançado. Bem recebido pela crítica e por fãs, de cara chegou ao terceiro lugar na parada britânica – e continua subindo. Segundo o vocalista Roger Daltrey soltou em entrevistas, é o melhor disco gravado pela banda desde 1971, quando lançaram apenas o Who’s Next, tido por muitos como o melhor disco da carreira da banda.

WHO trás 11 faixas (quase) inéditas – são 14 na edição De Luxe, que poderiam estar, tranquilamente, no álbum Who Are You, de 1978, por exemplo, pois tem a mesma pegada do último disco gravado pelo lendário baterista Keith Moon.

Escrito quase totalmente pelo tão talentoso, quanto falastrão, guitarrista Pete Townsend, que recentemente disse em entrevista à Big Issue Magazine uma série de afirmações onde cita a imbecilidade de Keith Moon, e dele próprio, ao destruir quartos de hotéis nos anos 70, ou, pior ainda, em entrevista à Rolling Stone, dá graças a Deus por Keith Moon e o baixista John Entwistle estarem mortos – afirmação depois explicada via Facebook, onde menciona a dificuldade que era tocar com os dois, para afirmar que se sente mais à vontade com o atual baixista e o baterista da banda: Pino Paladino e Zak Starkey (o filho de Ringo Starr), respectivamente.



Musicalmente, WHO é aquele disco gostoso para colocar e deixar rolar enquanto se pega uma estrada, vento na cara e rock na veia. Vale destacar a bela “Ball and Chain”, que é aquela “quase” inédita, pois já havia sido gravada como “Guantánamo”, no trabalho solo de Townsend, e mostra uma pesada crítica ao governo norte-americano que mantém a velha prisão na ilha de Cuba. Crítica que é muito bem vinda de uma banda do tamanho e importância do The Who.

É mais que óbvio que Roger Daltrey não possui mais a potência e o vigor vocal de 50 anos atrás, mas ele evoluiu e amadureceu muito bem, ainda dá gosto ouvir uma faixa como “Rockin’ In Rage” ou “Break the News”. E, isso é absoluto gosto pessoal, tenho prazer em ouvir as faixas em que Pete Townsend se lança como vocalista principal, como nas belas “I’ll Be Back” ou “Dany and My Ponies”, que é a última faixa bônus da edição De Luxe, guardadas as proporções, é como quando Edgard Scandurra aparece como vocalista principal numa canção do Ira!, sempre cai bem.

Pela idade dos músicos, e seguindo o espaçamento dos lançamentos, esse deve ser o último disco da banda – antes dos 13 anos entre Endless Wire e WHO, tivemos 24 anos desde o lançamento de It’s Hard, de 1982. Posso afirmar que fecharam com chave de ouro.
Cotação: 

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