Kool Metal Fest foi a celebração do metal extremo em São Paulo
Brujeria fechou o Kool Metal Fest em São Paulo [Foto: Fernando Yokota] |
Domingueira começando com horário de matine e barulho de
gente grande, este é um bom resumo desta nova edição do Kool Metal Fest, que
levou o bom público presente no Carioca Club, em São Paulo, ao delírio.
Com dois anos de estrada, as meninas da ESKRÖTA, vindas de
Rio Claro e São Carlos, no interior de São Paulo, iniciaram a festa com a casa
ainda enchendo, e empolgaram com seu crossover bem feito. Yasmin (vocal e
guitarra), Tamy (baixo e voz) e Miriam (bateria) impressionaram o pessoal mais
velho que não conhecia a banda, com boa presença de palco, atitude e engajamento,
em assuntos como feminismo ou política, com letras em português, de sons
presentes em seu EP Eticamente Questionável, de 2018 e o recém lançado split com
a banda Afronta, de Fortaleza, e ainda mandar um cover dos Ratos de Porão, com ‘Aids,
Pop, Repressão’. Como era festa, ainda fizeram uma homenagem e convidaram o amigo
John para tocar um som na bateria, explicando que por um tempo ele segurou as
baquetas da banda, enquanto a baterista Miriam passou um tempo em intercambio
na África. Com o palco invadido e sem espaço, finalizaram um bom show. Meninas
de parabéns!
Intervalo rapidíssimo, e chega a vez do CEMITERIO subir
ao palco. Death Metal bem tocado, mas que foi um anticlímax. A empolgação com a
banda anterior zerou, e, apesar da boa execução, faltou algo a banda. Mesmo
assim, muitos dos presentes cantaram junto do vocalista Hugo as historinhas de
terror que a banda conta em português.
Rápida arrumação e chega a próxima banda, vinda de
Santos/SP, é a vez do SURRA mostrar a que veio! Desde 2012 na estrada, com inúmeros
lançamentos e ritmo insano de shows por todo lugar possível, Leeo Mesquita,
guitarra e voz, Guilherme Elias, baixo e Victor Miranda, bateria, arrepiaram
com seu som rápido, violento e cheio de protesto. Com um novo disco na bagagem,
o recém lançado Escorrendo Pelo Ralo, a banda seguiu o script de todos os
participantes do evento, como as anteriores, ‘homenageou’ o atual governo e, divertidamente,
arremessou um pato amarelo inflável na plateia, em clara alusão ao ‘pato da
Fiesp’, que levou a devida surra do público presente.
As bandas seguintes, NERVOSA e KRISIUN, são grandes
conhecidas do público e, ambas, fizeram o esperado: shows com grande qualidade
técnica, mostrando muita maturidade e profissionalismo, adquiridos com a experiência
de inúmeras turnês internacionais, tocando nos maiores festivais de metal do
planeta. E o metal brasileiro for export.
Ao contrário das cinco bandas anteriores, que subiram ao
palco rigorosamente em seus horários previstos, o BRUJERIA, mais de 30 anos de
estrada, demorou praticamente 45 minutos além do previsto para dar o ar da
graça! Numa maratona dessas, foi o primeiro ponto negativo da noite, ficou
cansativo.
Um garotinho apareceu sozinho no meio de palco e, após
desejar boa noite, apresentou a banda, que iniciou os trabalhos com "Cuiden a lós
Niños". O público foi a loucura e, executando as músicas, a banda continua
poderosa, como sempre foi, mas, especificamente nesta noite, algo não deu liga!
A cada música executada, intervalos intermináveis com muito blábláblá e
conversa fiada, fizeram da apresentação ser diferente de todas as outras
visitas do grupo a São Paulo.
Os clássicos estavam lá, "La Migra", "La Ley de Plomo", "Anti-Castro",
"Colas de Rata", "Pito Wilson" e, claro, "Matando Gueros", além de faixas mais
novas, como "Satongo", do último disco, ou "Amaricon Czar" e "Lord Nazi Ruso", críticas
diretas a Donald Trump, presentes no EP lançado no começo deste ano, mas, a
apresentação em geral foi burocrática, cansativa. O Brujeria que vimos esta
noite deixou de ser uma banda perigosa,
para se mostrar uma banda caricata. Após
o maior sucesso deles, "Matando Gueros", mandaram sua versão para "Macarena", a
divertida "Marijuana". E assim foi... Que voltem mais animados.
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